Num inquérito anual dirigido a mais de 900 executivos globais, concluímos que o recente crescimento de operações de desinvestimento se irá manter nos próximos anos com 84% das empresas a referirem que planeiam efetuar alienações nos próximos dois anos, com o propósito de ganharem vantagem competitiva, especialmente na sequência de alterações tecnológicas, de alterações das preferências dos consumidores e da pressão efetuada pelos acionistas.

De acordo com este estudo, as alienações são frequentemente proactivas e iniciativas impactantes, não se tratando apenas de simples reações à mudança. Durante os próximos 12 meses, 70% das empresas esperam passar por desinvestimentos transformacionais de larga escala (vs. 50% em 2018). As empresas que referem fraca vantagem competitiva de certas unidades de negócio como o principal driver para as suas mais recentes alienações (decisão reativa) diminuíram significativamente de 85% para 69%.

A incerteza geopolítica como fator imprevisível na tomada de decisões

O número de empresas que refere fatores macroeconómicos e geopolíticos como sendo determinantes para a sua atividade de desinvestimento diminuiu para cerca de metade (51%), em comparação com os 62% referentes a 2018. Aparentemente as empresas habituaram-se à atual incerteza global: 74% ainda esperam que mudanças geopolíticas levem ao aumento dos custos operacionais e 69% questionam-se acerca da possibilidade de manutenção ou não de acordos de comércio internacionais.

A tecnologia combina sectores, o que desencadeia atividades de desinvestimento

A convergência sectorial é apontada como o principal driver para as decisões de desinvestimento por 70% dos executivos. Para esse fim, 80% das empresas preveem que o número de alienações motivadas por fatores tecnológicos aumente nos próximos 12 meses (vs. 66% no ano anterior).

Sessenta (60%) por cento das empresas reinvestiu os resultados das suas mais recentes alienações em novos produtos, mercados ou geografias. Esta estratégia permite que as empresas deem melhores respostas a oportunidades intersectoriais e possam criar valor para os acionistas e a própria empresa no longo prazo.

Vender com um investidor de ‘private equity’ em mente

De acordo com os resultados do inquérito, ter uma forte história de valor, suportada por uma preparação atempada que permita dar resposta às questões de uma vasta rede de potenciais compradores é cada vez mais importante. Cerca de dois terços (67%) dos vendedores referem que a diferença de preços entre vendedores e compradores é superior a 20%; no ano passado, apenas um quarto dos vendedores reportaram esta diferença. O modelo operacional de um target é especialmente importante para compradores de private equity, que têm muito capital para investir mas poucas sinergias, insistindo, portanto, que o carve-out tenha sido totalmente preparado para a separação.

As empresas têm de abordar o mercado das alienações tendo em mente as necessidades de um comprador de private equity. Este tipo de compradores competem fortemente por ativos de qualidade, mas as empresas têm de se apresentar com a história certa – e factos que a suportem – de modo a deixar os compradores confortáveis com a sua decisão de seguir em frente. Detalhes negligenciados ou otimismo infundado podem despoletar rapidamente uma quebra de confiança.