A Forensic Science International publicou há uns anos um trabalho forense em que desmistificou a ideia levada à tela por Ridley Scott, de que os gladiadores romanos morriam de ferimentos cruciantes no palco de combate, ao revelar que a maioria expirava após um golpe de misericórdia do algoz, já nos bastidores da arena. Mas esta não era a única prática de eutanásia em tempos remotos, também na Índia os enfermos eram levados ao Ganges para morrer por asfixia.
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos viria, finalmente, a consagrar a inviolabilidade da vida em qualquer circunstância.
Em Portugal, não obstante o artigo 24.º da Constituição que prevê este mesmo princípio, está novamente lançado o debate sobre a despenalização da eutanásia.
Nunca na nossa história democrática o Parlamento alterou tantas leis relacionadas com os costumes, a família e a vida. Uma agenda fraturante que tem sido, essencialmente, conduzida pelo BE e pela nova “lava” socialista, com intuitos eleitoralistas.
Aliás, esta é uma prática que na União Europeia é rara e apenas legal na Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Precisamente três dos seis países que os socialistas Hollande e Valls defendem, veementemente, que devem passar a mandar na zona euro – sendo esta mais uma razão para que o PS seja cúmplice do BE nesta iniciativa.
Ora a vida é um valor fundamental que o consenso cristão considerou sempre óbvio. Além do mais, prévio à existência do Estado, não deve estar sujeito ao jogo da maioria nem da minoria, tal como não deve ser profanado.
A Constituição deve ser a guardiã, na qualidade de fundamento, dos valores cristãos, consagrando-os sempre invioláveis em nome da liberdade. Liberdade perversamente aproveitada, agora, como bandeira das esquerdas contra a defesa da vida.
Se de uma banda é preciso continuar a cultivar uma experiência que siga a tradição humanista, de outra é necessário que as convicções morais permaneçam incólumes às novas ideologias.
Como prega o Papa Francisco: “O pensamento dominante propõe, por vezes, uma falsa compaixão, a que considera como ajuda à mulher favorecer o aborto, como um ato de dignidade procurar a eutanásia ou como conquista científica `produzir` um filho”. O combate à “falsa compaixão “ é, pois, a prioridade do momento. Detenhamo-nos nele.