Era uma vez um historiador de arte que se tornou antiquário, que se tornou um conhecido marchand de mobiliário francês com pedigree do século XVIII, que se tornou um expert em falsificações. Ou melhor, não ele, mas um artesão conivente que usava alcaçuz para as cadeiras que Bill Pallot elegia como sendo peças de raro valor, para assim ficarem com uma patine convincente.
O caso não é de agora. Remonta ao início da segunda década deste século, quando Charles Hooremann, ex-aluno de Monsieur Pallot – figura respeitada no meio das artes parisiense, onde gravitava – começou a desconfiar do elevado número de peças de mobiliário (leia-se cadeiras do século XVIII adoradas pelo seu antigo professor de História da Arte na Sorbonne), e se lança em busca da verdade. Mas não sem antes ter partilhado a sua apreensão com o suspeito, os compradores e as autoridades francesas.
Pelo caminho, muitos colecionadores e outras tantos apreciadores de antiguidades terão sido enganados por Monsieur Pallot, entre eles o príncipe Abdullah bin Khalifa al-Thani do Qatar, o Palácio de Versalhes e, quiçá, também o seu amigo Karl Lagerfeld, estilista famoso e apaixonado por antiguidades, autor do prefácio da bíblia que o dito especialista deu à estampa há uns 40 anos sobre… adivinhou, os tais ‘assentos’. O livro “A Arte da Cadeira na França do Século XVIII” imortalizou Bill Pallot como especialista na dita peça de mobiliário. Segundo o próprio, uma das suas descobertas teria pertencido a Maria Antonieta e outra a madame du Barry, amante de Luís XV… Ousadia? Loucura? Vício? Prazer em ludibriar, tout simplement?
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