A Chipotle é uma cadeia de fast-food norte-americana com mais de 2800 restaurantes. Esta semana, foi obrigada a encerrar parcialmente alguns dos pontos de venda por falta de trabalhadores.

Os economistas tinham estimado que em abril a economia dos EUA teria criado um grande número de empregos. Os mais otimistas esperavam mais de 1 milhão de novos postos de trabalho. A surpresa, entretanto, foi enorme: apenas 266 mil empregos criados em termos líquidos. O primeiro reflexo seria concluir que, afinal, a recuperação da economia norte-americana está a ser mais lenta, mas não é o caso. Normalmente, números modestos na criação de emprego resultam de pouca oferta de postos de trabalho, mas desta vez havia vagas, não havia era quem as preenchesse!

Há essencialmente três explicações para o fenómeno: os subsídios governamentais que têm sido atribuídos não incentivam o trabalho; o receio em relação à pandemia ainda persiste; e muitos pais precisam cuidar dos filhos porque ainda há escolas encerradas. Não há dúvidas que os subsídios de desemprego e os apoios diretos relacionados com a Covid-19 estão a permitir a muitos americanos ficarem em casa, mas há também quem defenda que o problema está na pouca atratividade dos salários.

A Chipotle decidiu esta semana subir o seu salário mínimo de 13 para 15 dólares/hora para tentar atrair trabalhadores e bater a concorrência. A Amazon e a Walmart já tinham feito o mesmo. Será interessante observar os reflexos destes aumentos salariais na economia e estar atento aos efeitos perversos dos subsídios. É bem provável (e desejável) que seja possível pagar mais aos trabalhadores, mas não surpreenderá uma crescente intensificação dos processos de digitalização e mecanização em todos os negócios, incluindo na restauração e retalho.