Família herdeira da CUF é a segunda mais rica de Portugal

A família Guimarães de Mello é a segunda mais rica de Portugal, segundo o ranking da Forbes dos 50 milionários portugueses. De acordo com a revista, a família tem uma fortuna avaliada em 3.329 milhões de euros.

Do seu portefólio de investimentos fazem parte Grupo José de Mello, CUF, Brisa, Bondalti, José de Mello Residências, herdades.

O grupo José de Mello foi fundado em 1898 por Alfredo da Silva, que iniciou a sua carreira na Companhia Aliança Fabril. Alfredo da Silva era acionista desta companhia e mais tarde teve a ideia de fundir esta empresa com a União Fabril e dar origem à Companhia União Fabril (CUF).

Nos anos 20, a CUF teve uma aquisição de ações e um reforço do capital que permitiu a entrada do grupo no setor bancário, e mais tarde a criação da Tabaqueira. Já nos anos 40, durante a segunda guerra mundial, a CUF dedicou-se à reparação de navios e construção de embarcações, e criou a Companhia de Seguros Império, que veio a ocupar o primeiro lugar entre as seguradoras portuguesas.

O fundador do grupo CUF, Alfredo da Silva, morreu em 1942, mas o seu projeto não terminou aqui, uma vez que em 1945 foi inaugurado o primeiro hospital da CUF, na Infante Santo em Lisboa. Inicialmente, este hospital servia os 80 mil colaboradores e familiares do grupo CUF.

A década de 60 foi de internacionalização do grupo com um processo de fusão entre o Banco Totta, Aliança e Banco Lisboa & Açores, criou-se o Banco Totta &Açores.

Para além da internacionalização, o grupo permaneceu no setor marítimo, tendo em 1961 fundado a Lisnave, que chegou a ser uma das maiores gestoras de estaleiros a nível mundial.  Na mesma década inaugurou um estaleiro em Almada. Esta empresa manteve-se no grupo até ao ano 2000.

Foi nos anos 70 que a CUF atingiu o auge dos negócios, estando presente no setor financeiro, químico, têxtil, minérios, alimentar, saúde, defesa ambiental e naval. No entanto, com o 25 de Abril de 1974, a empresa sofreu alguns desafios.

A banca e seguros foi toda nacionalizada, pelo coronel Vasco Gonçalves, e foi decretada também a nacionalização da CUF. Na altura, o grupo possuía mais de 180 empresas que passaram a estar sob a tutela do Estado. Naquela, época este grupo representava cerca de 5% do PIB português.

Depois de ficar com a atividade em suspenso, a empresa reergueu-se em 1988, com a constituição da holding José de Mello, neto de Alfredo da Silva, e foi iniciada a reconstrução do grupo.

Nos anos 90, o grupo criou o Banco Mello, adquiriu a Companhia de Seguros Império, a Soponata e a Quimigal. Já no ano 2000, houve uma reconfiguração do portefólio de negócios do grupo, com a Brisa e a Efacec a fazerem parte do leque de ações e a venda da Lisnave. Foi também criada a José de Mello Residências e Serviços e o Banco Mello fundiu com o BCP.

O hospital da CUF Descobertas, em Lisboa, foi inaugurado em 2001, e contou com um investimento de cerca de 35 milhões de euros.

Já e 2006 é lançada uma oferta pública de aquisição (OPA) em parceria com o grupo têxtil Manuel Gonçalves sobre a Efacec, e no mesmo ano o grupo adquiriu 2% do capital da EDP. Mais tarde o grupo reforça esta participação, para cerca de 5%, enquanto aliena quase a totalidade da participação no BCP.

Na área da saúde, para além dos hospitais CUF, o grupo esteve na gestão do hospital Amadora Sintra, até 2008, e em 2009 começou a gerir o hospital de Braga.

Em 2012, a empresa lança uma OPA sobre a totalidade do capital da Brisa e torna-se a maior acionista, com uma participação de 57,3%. Já em 2014, o grupo opta por alienar a participação na EDP.

A Bondalti é lançada pelo grupo em 2018, atuando no setor químico.

Mais recentemente o grupo vendeu 40% da Brisa, deixou de ser acionista da Efacec e lançou a WineStone, empresa que atua no setor dos vinhos, e que conta com nomes como Ravasqueira, Quinta do Retiro Novo, Krohn, Quinta do Côtto, Paço do Teixeiró e Quinta de Pancas. O segmento de negócio dos vinhos já fatura 24 milhões de euros.

No total, a rede CUF conta com 41 unidades de cuidados de saúde e faturou 766 milhões de euros. Já a Bondalti alcanço os 523 milhões de euros de proveitos operacionais.

Atualmente, os rostos mais mediáticos da família são os irmãos Vasco e Salvador de Mello, que lideram os negócios familiares do grupo, sendo que Vasco de Mello é presidente do Conselho de Administração e foi presidente da Associação Business Roundtable Portugal até abril do ano passado. Já Salvador de Mello ocupa o cargo de presidente da Comissão Executiva do grupo.