[weglot_switcher]

Família Queiroz Pereira conseguiu comprar 10,054% da Semapa com operações de mercado

Com a OPA e compras em bolsa, a Sodim passou a deter 83,221% do capital social da Semapa. Fica assim adiado o projeto de retirar a Semapa de bolsa.
15 Junho 2021, 20h41

Com a oferta pública de aquisição (OPA) e as compras em bolsa, a Sodim passou a deter 83,221% do capital social da Semapa. Pelo que a empresa liderada por João Castello Branco vai continuar cotada em bolsa.

As ações da Semapa fecharam hoje a 11,66 euros, ao preço da ordem irrevogável que estava no mercado até hoje, dia 15 de junho. O mercado aguarda a cotação da Semapa amanhã, mas é expectável uma queda do preço das ações.

A Sodim SGPS que lançou uma OPA sobre a Semapa a 26 de abril de 2021, e que ficou concluída a 7 de junho, enviou um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) onde dá conta da aquisição de ações da Semapa pela holding da família Queiroz Pereira entre o dia 8 e 15 de junho.

No total foram adquiridas 374.558 ações da Semapa, elevando para 10,054% a percentagem dos direitos de voto adquiridos na OPA e em operações de mercado. Este valor corresponde a 60% do objetivo da Sodim de adquirir pelo menos 90% do capital social da Semapa.

“Na sequência do anúncio realizado a 7 de junho de 2021 sobre a renúncia à condição de sucesso aposta na oferta pública geral e voluntária de aquisição de ações representativas do capital social da Semapa – Sociedade de Investimento e Gestão SGPS lançada pela Sodim SGPSa 26 de abril de 2021, vem a Sodim, nos termos do disposto no prospeto da Oferta, divulgar ao mercado o resultado das aquisições efetuadas pela Sodim ao abrigo da ordem irrevogável de compra transmitida ao Banco Comercial Português, para aquisição nas sessões normais do mercado regulamentado da Euronext Lisbon, entre os dias 8 e 15 de junho, ambos inclusive, de todas as ações representativas do capital social da Semapa que aí fossem oferecidas para compra, ao preço, em numerário, de 11,66 euros “, lê-se no comunicado.

Assim, a Sodim informa o mercado que, entre o dia 8 de junho e o dia 15 de junho, ambos inclusive, adquiriu, ao abrigo da ordem irrevogável de compra transmitida ao BCP depois da OPA,  374.558 ações representativas do capital da Semapa, que acrescem às ações adquiridas durante a OPA, representando assim, no seu conjunto, um adicional de 10,054% dos direitos de voto da Semapa relativamente à data do lançamento da Oferta.

Em consequência, o número de ações representativas do capital social e dos direitos de voto da Semapa imputáveis à Sodim passou a ser de 83,221% dos direitos de voto não suspensos, 81,787% do capital. Isto através da soma da participação de duas holdings da família: da Sodim SGPS que tem 33,849% do capital e 34,442% dos votos da Semapa, e da Cimo – Gestão de Participações SGPS (detida pela Sodim) que tem 47,938% do capital e 48,779% dos votos.

“A imputação dos direitos de voto relativos às sociedades resulta da titularidade direta de ações e da existência de uma relação de domínio da Sodim sobre a Cimo”, explica a Semapa.

A Sodim, holding da família Queiroz Pereira, não tenciona avançar com nenhuma operação de aumento de capital para cumprir o desígnio admitido inicialmente de retirar a Semapa de bolsa. Isto é, não vai repetir a estratégia da Sonae Indústria. Depois da família Azevedo ter tentado, sem sucesso, através de uma OPA, atingir a percentagem de capital da Sonae Indústria que lhe dava direito a avançar com a perda da qualidade de sociedade aberta, só conseguiu atingir esse objetivo com um aumento de capital que diluiu os pequenos acionistas o que permitiu à holding da família ultrapassar os 90% e avançar com o agendamento de uma assembleia geral para deliberar a perda de qualidade de sociedade aberta, ou seja para a saída de bolsa. A Semapa, sabe o JE, não vai seguir a mesma estratégia.

No caso da Semapa, a Sodim, inicialmente, quando lançou a OPA sobre a Semapa, incluiu uma condição de sucesso – de comprar 90% dos direitos de voto – que depois retirou. O seu objetivo com esta operação sempre foi caso a oferente conseguisse, em resultado da oferta, deter 90% ou a percentagem mais elevada dos direitos de voto correspondentes ao capital social da sociedade visada, promover a perda de qualidade de sociedade aberta do sociedade visada (a Semapa). Mas com a OPA, não conseguiu.

Na OPA, a Sodim ficou com menos de 83% da Semapa, mas anunciou que iria continuar a comprar ações da Semapa a 11,66 euros até dia 15 de junho, tal como previa o prospecto da operação. O que aconteceu.

O grupo de pequenos acionistas Maxyield protestou junto da CMVM, mas o regulador do mercado de capitais respondeu que “não se identifica qualquer ilegalidade na conduta da Sodim ou de quaisquer intermediários financeiros que executem ordens de compra ou venda de ações Semapa em mercado regulamentado”.

A Sodim admitia se atingisse o limiar de 90%, procederia a uma aquisição potestativas da ações que permanecessem nas mãos de outros acionistas. Mas uma vez que falhou a meta o objectivo de retirar a dona da Navigator de bolsa, ficou adiado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.