A Farfetch acredita que no próximo ano o sector do luxo já não sentirá os efeitos negativos do vírus e voltará aos valores pré-pandemia, quando o sector valia em todo o mundo 1,26 biliões de euros. O diretor geral da empresa em Portugal lembra ao Jornal Económico (JE) que, apesar da importância dos canais digitais e da ideia que se tem perpetuado, a indústria caiu no ano passado, na ordem dos dois dígitos.
“A questão da resiliência tem de que ver com o facto de a pandemia, que ainda não passou, estar mais aliviada. Rapidamente, os clientes voltaram a comprar. Notamos que neste momento o mercado está em recuperação acelerada. Em 2022 vai-se chegar aos números de 2019, porque o mercado do luxo é mais fechado. Os clientes são leais às marcas”, afirma Luís Teixeira.
No segundo trimestre deste ano, a Farfetch viu as receitas aumentarem 43% para 523 milhões de dólares (cerca de 447 milhões de euros), tendo encaixado mais 159 milhões com as vendas de roupas e acessórios de luxo face aos mesmos meses de 2020.
A tecnológica luso-britânica teve um crescimento homólogo de 40% no volume total de mercadorias processadas (GMV – Gross Merchandise Value), tendo o valor dos bens vendidos na plataforma ultrapassado os mil milhões de dólares (no ano passado havia sido de 721 milhões de dólares).
Os lucros depois de impostos foram 88 milhões de dólares. A multinacional com sede em Londres reportou ainda uma perda inferior ao esperado: 0,31 dólares por ação, quando o consenso de mercado apontava para 0,38 dólares por ação. Logo, ao longo dos últimos quatro trimestres, a empresa superou duas vezes as previsões dos analistas de Wall Street para os seus EPS (Earnings Per Share).
“São movimentos que são gerados por causa da descida do valor das ações. A reapreciação do valor de liabilities que temos. Se no passado dizíamos que eram prejuízos contabilísticos nestes dois trimestres tivemos lucros contabilísticos. A medida pela qual nos guiamos é o EBITDA ajustado”, reitera Luís Teixeira ao JE.
O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado melhorou para 21 milhões de dólares negativos, dos 25 milhões negativos registados no segundo trimestre do ano passado. “Ainda foi negativo, mas foi abaixo de 5% negativo das nossas receitas quando no ano anterior, no mesmo trimestre, havia sido de 8%”, detalha o Chief Operation Officer (COO).
Questionado sobre a evolução nas obras do escritório de Matosinhos, Luís Teixeira adiantou que a 24 de setembro a empresa fará uma apresentação na qual dará mais informações sobre o projeto. “Acreditamos que será um marco não só para as nossas pessoas, mas também para Portugal dado o grande investimento na região”, frisou o COO.
Na sexta-feira, o analista Stephen Ju, do banco suíço Credit Suisse, manteve a sua classificação de “comprar” aos títulos a Farfetch, estabelecendo um preço-alvo de 80 dólares, o que corresponde a aproximadamente 109% mais do preço atual. As ações da cotada no Dow Jones fecharam a última sessão com uma subida de 1,49% na bolsa de Nova Iorque.
A empresa está muito bem financiada – Luís Teixeira
O fundador, chairman e CEO da Farfetch, José Neves, admitiu estar “realmente impressionado com a resiliência da indústria de luxo, que depois de um período sem precedentes, já voltou a crescer com bases ainda mais fortes”. “Estou muito orgulhoso de a Farfetch ter sido um parceiro próximo para retalhistas e marcas neste momento, proporcionando um forte crescimento aos nossos vendedores e, consequentemente, duplicando a nossa GMV nos últimos 24 meses”, sublinhou, aquando da divulgação de resultados. Para o empresário português, esse foi um trimestre de “forte desempenho”, em que a marca que criou está “mais forte” devido às parcerias de marketing e distribuição que tem feito, para impulsionar o disparo de 90% nas vendas a preço total.
A expectativa da Farfetch é de fechar o ano com um crescimento da plataforma digital entre 35% a 40% e atingir um EBITDA positivo de 1% a 2%.
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