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Farol, a primeira aceleradora de startups para combater a escravatura moderna

A aceleradora que integra o Pacto Global da ONU está à procura de 15 empresas tecnológicas ou ONG com boas ideias para, durante seis meses, entrarem num programa que pretende responder aos ataques aos Direitos Humanos.
Benito Pajares
14 Junho 2021, 10h00

A Organização Internacional do Trabalho estima que existam 40,3 milhões de pessoas a viver sob alguma forma de escravatura e mais de metade sujeitas a trabalhos forçados, contra a sua vontade e sob intimidação ou coerção. A pensar nestes problemas mundiais, nasceu a primeira aceleradora de startups concebida para encontrar ou consolidar soluções digitais que contribuam para reduzir este flagelo dentro das cadeias de produção – e chama-se “Farol”.

Como um bom farol, procurará orientar os empreendedores que se preocupem com os Direitos Humanos e que tenham tecnologia ou ideias que se possam traduzir em respostas. Essencialmente, a aceleradora está à procura de 15 startups tecnológicas – cinco das quais de países em desenvolvimento – que estejam interessadas em entrar num programa de seis meses, mas alarga as inscrições a projetos de organizações não-governamentais (ONG) que trabalham em blockchain, inteligência artificial, machine learning, processamento de linguagem, reconhecimento de imagem, Big Data e geolocalização.

“Aumentar a transparência nas cadeias de produção é a peça chave para acabar com o abuso laboral e, nesse sentido, retirar as pessoas da armadilha da pobreza. A tecnologia está numa posição única no caminho a fazer em prol dos Direitos Humanos e na concretização de mudanças sociais”, dizem os cofundadores da Farol, Daniela Coutinho e Raúl Celda.

As startups escolhidas terão sessões de mentoria e poderão assistir a conferências internacionais cujos painéis terão especialistas e representantes de organizações e marcas globais como Walk Free, The Fair Cobalt Alliance, Nareen Sheikh, entre outros.

A Farol, que integra o Pacto Global da ONU, resulta de um trabalho de colaboração entre diversas organizações ibéricas, nomeadamente a consultora portuense Partnerships For Humanity, a consultora de inovação colaborativa Beta-i e a madrilena Fundación Española Por Los Derechos Humanos (FĒDDHH).

A aceleradora é lançada esta segunda-feira com o apoio legal da TrustLaw, o serviço mundial pro bono da Fundação Thomson Reuters, e o suporte da entidade ambiental norte-americana Parley For The Oceans. Por cá, é apoiada pelo Governo português através da iniciativa Portugal Inovação Social, financiada pelo Fundo Social Europeu.

Como funcionará o programa de aceleração?

Será dividido em duas vertentes. A primeira será para apoiar startups tecnológicas motivadas pela concretização de um propósito e projetos de ONG especializadas em tecnologia que estejam em fase inicial de desenvolvimento de produto. A segunda apoiará startups já com um produto final e com clientes que pretendam acrescentar a redução da escravatura moderna aos seus objetivos. As candidaturas estão abertas até 31 de agosto de 2021.

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