Num mundo cada vez mais digital, o desafio é hoje ser cada vez mais humano. O que é difícil, e provavelmente o maior desafio até hoje de marcas e agências de publicidade. Nunca até agora tivemos consumidores tão exigentes e cíticos, por isso, todo o cuidado é pouco, mas quem arrisca muitas vezes ganha.

A Ogilvy Brasil desenvolveu para a Schweppes o projecto The dress For Respect, que escolheu dar visibilidade ao assédio sexual que vitima as mulheres. De acordo com a ONG Think Olga, 86% das mulheres brasileiras já foram alvo de assédio em discotecas. Partindo deste princípio, a Ogilvy criou um vestido para registar quantas vezes é que uma mulher era tocada sem o seu consentimento numa discoteca em São Paulo, no Brasil, uma experiência que contou com a participação de três mulheres que, por hora, foram tocadas mais de 40 vezes sem consentimento.

É apenas um exemplo recente, mas interessante sobre o que as marcas podem fazer por um mundo melhor, arriscando, tomando posições e promovendo iniciativas que por mais arriscadas que sejam trazem sempre mais a ganhar do que a perder, sobretudo em notoriedade e relação emocional. Aquela que as marcas tanto sonham alcançar.

Este é o grande desafio que se torna imperativo hoje e que vai conquistar o amanhã. Porque a decisão já vai muito mais longe do que o fator preço, a qualidade do produto ou as campanhas promocionais. Hoje interessa aos consumidores o posicionamento da marca sobre temas de relevância, como a sustentabilidade, o ambiente, os direitos humanos, os incentivos à natalidade, e tantos outros temas que nem sempre mexem com o nosso dia-a-dia, mas sim com a nossa vida e os nossos valores. Este um caso brasileiro, mas em Portugal e no resto do mundo muitas marcas já escolhem este caminho, e bem. Agora é preciso fazê-lo mais vezes e sem medos.

É preciso fazê-lo também nas empresas. Naquelas que têm nos seus trabalhadores a sua imagem de marca. Se 6 em cada 10 Millenials preferem trabalhar para organizações com uma identidade e propósitos definidos, ainda que por menos dinheiro e regalias, pela mesma razão com que os seus pais preferem reformar-se mais cedo a permanecer no mercado de trabalho, então deveríamos pensar e fazer mais. Porque falar e escrever não basta. Esta é uma realidade de hoje, do mundo, de Portugal. Fazer mais por todos para receber mais de todos.