A espanhola Ferrovial consuma, esta quinta-feira, um marco decisivo para empreender a reestruturação da sociedade, que envolverá num primeiro momento a mudança da sede fiscal para os Países Baixos – tal como têm feito vários grupos económicos europeus e particularmente portugueses.
Esta quinta-feira é o prazo para os acionistas que votaram contra a fusão da Ferrovial com a Ferrovial International na assembleia geral de 13 de abril exercerem o direito de separação (venda) das suas ações – que resulta da decisão de Leopoldo del Pino, irmão do presidente da Ferrovial, Rafael del Pino, de manter as suas ações na empresa fundida.
O conselho de administração da Ferrovial reservou um máximo de 500 milhões de euros para compensar os acionistas que decidiram vender, o equivalente a 2,57% do capital, refere o jornal espanhol “El Economista”. A assembleia teve quórum acionista de 77,691%, bem acima dos patamares obtidos nas assembleias anteriores.
Destes, 93,3% votaram a favor da mudança, representando 72,1% do capital total e 5,79% votaram contra, o equivalente a 4,47% do capital. Desse percentual, Leopoldo del Pino, irmão do presidente, responde por quase tudo. Detém aproximadamente 4,25% das ações do grupo de infraestrutura por meio da Siemprelara. Os restantes acionistas que votaram contra são apenas 0,22% do capital.
Com a continuidade de Leopoldo del Pino no capital, que deve ser confirmada à meia-noite desta quinta-feira, o máximo que a empresa poderia desembolsar se 0,22% optar por vender pouco ultrapassa os 42 milhões de euros, menos de um décimo dos 500 milhões orçamentados, referem as contas do “El Economista”.
No entanto, os acionistas que optarem por separar so seus valores mobiliários assumirão uma perda substancial em relação a um desinvestimento no mercado. Na quarta-feira, refere o jornal, esse desconto chegou aos 12,65%, o que decorre do facto de o preço estabelecido pela Ferrovial a pagar por ação, 26 euros, estar abaixo dos 29,29 euros a que fecharam os papéis da empresa nesta quarta-feira. No caso de Leopoldo del Pino, o prejuízo seria de cerca de 112 milhões de euros.
A fusão produzirá efeitos a partir da sua publicação nos registos comerciais. A projeção da empresa é concluir a fusão no final de junho ou início do segundo semestre, quando a Ferrovial International se tornar a empresa no topo do organigrama do grupo e começar a ser negociada na Euronext de Amsterdão e também nas Bolsas de Valores da Espanha. A Ferrovial será excluída. Até o final deste ano, presumivelmente em dezembro, a empresa pretende dar o salto para o mercado de Nova Iorque e começar a negociar em Wall Street.
A Ferrovial comprometeu-se também a recomprar as suas obrigações híbridas de 500 milhões de euros. O direito dos detentores de obrigações surge após a entrada em vigor da fusão, pelo que, até lá, não lançará a recompra. Foi emitido no final de 2017 com um cupão anual de 2,124% até 14 de maio de 2023. Agora, acumula juros fixos iguais à taxa swap aplicável, acrescidos de uma margem de 2,127% ao ano até 2043 e de 2,877% ao ano a partir de então.
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