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Filibuster: a arte de falar sem parar, que até ganhou um óscar

O mais famoso de todos os filibuster aconteceu no cinema, feito pelo ator James Stewart, no filme de 1939 “Mr. Smith Goes to Washington” (“Peço a Palavra”, em português), de Frank Capra.
8 Fevereiro 2018, 11h17

O filibuster é o aproveitamento de uma norma que permite aos membros do Senado norte-americano discutir uma lei por tempo indeterminado, desde que não parem de falar, impedindo, na prática, qualquer votação. Foi usada esta semana por Nanci Pelosi, a líder da minoria democrata, que falou durante 8h10, na mais longa acção do género em mais de um século.

Existe desde meados do século XIX e já sofreu várias tentativas de erradicação, por quem considera esta técnica uma ação de pirataria política – ou não derivasse o termo da palavra flibusteiro. Os seus defensores alegam, por seu lado, que se trata de uma ferramenta que permite às minorias defender as suas posições contra a maioria, permitindo que os temas sejam realmente discutidos.

De quando em vez, o filibuster é utilizado no Senado e é notícia, mas o mais famoso de todos aconteceu no cinema, feito pelo ator James Stewart, no filme de 1939 “Mr. Smith Goes to Washington”, de Frank Capra. Em português chamou-se “Peço a Palavra” e conta a história de um político que ocupa um lugar no Senado e faz isso mesmo, pede a palavra e não se cala, num discurso de cerca de quase um dia inteiro, em protesto contra a corrupção. Foi nomeado para 10 óscares e venceu um, o de melhor argumento original.

Um senador da vida real, Strom Thurmond, na altura um democrata da Carolina do Sul, fez um filibuster de 24 horas e 18 minutos, em 1957, o que se mantém como recorde. Segregacionista, Thurmond muniu-se de pastilhas para a garganta e de leite com chocolate e usou esta artimanha para impedir a aprovação a Lei dos Direitos Civis, que estabelecia o direito de voto para todos os cidadãos, independentemente do género, raça ou credo.

Isto aconteceu mesmo depois de, em 1917, o presidente Woodrow Wilson ter batalhado pela mudança, depois de ver uma proposta governamental de armar os navios mercantes – por causa dos submarinos alemães – falhar devido ao filibuster. Wilson, exasperado, liderou as críticas às regras que determinavam que, depois de um senador tomar a palavra, nunca poderia ser interrompido. A pressão presidencial resultou na adoção da regra 22, que limita o debate de qualquer questão a 30 horas.

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