A entrada em agosto não foi positiva para os mercados acionistas com as principais praças europeias a encerrar do lado das perdas e os investidores em modo risk-off e a refugirem-se em setores mais defensivos e também no mercado de renda fixa
Do outro lado do Atlântico, o panorama não é mais animador com Wall Street com tendência de queda em que pesou o relatório de emprego nos EUA, onde se revelou um aumento inesperado no desemprego para os 4,3%, trazendo receios de que as elevadas taxas de juro possam estar a começar a revelar fraqueza económica.
Filipe Garcia, presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, considera que existem três factores que estão a determinar este comportamento por parte dos mercados: “Há aqui um aumento da aversão ao risco relacionado com os maus dados económicos, a época de resultados e um mercado que estava demasiado quente”. Para este analista, o que se tem passado nos últimos dias “não é uma surpresa por aí além.
Em relação à realidade macro e aos “maus dados” económicos, este especialista coloca especial ênfase no PMI industrial “muito fraquinho nos EUA”, números do emprego “muito abaixo do que aquilo que se esperava” e uma taxa de desemprego “a subir há quatro meses seguidos”.
“Portanto, temos dados económicos algo desapontantes a nível global: na Europa não tem sido nada de especial e na China têm desapontado muito. No geral, o que se pode dizer é: ninguém está em recessão mas estão claramente em desaceleração”, destaca Filipe Garcia.
A propósito da época de resultados, “as coisas não estão a correr assim tão bem quanto isso apesar de algumas empresas apresentarem bons números. Temos tido algumas desilusões, como é o caso da Intel em que as ações caíram 25% esta sexta-feira. Não foi uma época de resultados que tivesse corrido bem”.
Sobre o último factor, Filipe Garcia destaca que o mercado “estava demasiado quente sobretudo em alguns segmentos de mercado como o tecnológico e a Inteligência Artificial, com alguns comportamentos de mercados que faziam lembrar os anos 2000”.
Para este especialista, “havia aqui espaço para que isto acontecesse. As bolsas são mesmo assim: costuma-se dizer que sobem de escada e descem de elevador, ou seja, as subidas são mais lentas do que os processos de descida”.
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