A liquidez da TAP “a 30 de junho foi de 182,6 milhões de euros e a 30 de setembro ascendeu a 326,8 milhões de euros”, revelou ao JE uma fonte da TAP, comentando os resultados do terceiro trimestre divulgados pela CMVM.
“A melhoria na liquidez de junho para setembro aconteceu por dois motivos, mas o mais importante deles foi sem dúvida o financiamento do Estado”, comentou a mesma fonte.
No total, a TAP já recebeu 582,4 milhões de euros no âmbito dos empréstimos do Estado português que poderão atingir os 1.200 milhões de euros, segundo o comunicado hoje divulgado à CMVM.
“O apoio do Estado, cuja primeira parcela do apoio do Estado ocorreu no final do mês de julho, melhorou o nível da liquidez da companhia nesse período, pois no terceiro trimestre a TAP recebeu o equivalente a 570 milhões de euros”, adianta a fonte da TAP.
“Esse valor contribuiu bastante, até porque apesar de termos sentido uma melhoria bastante significativa no consumo diário de caixa (o dinheiro em caixa não se gastou tão rapidamente como em meses anteriores), a verdade é que nenhuma companhia aérea no mundo inteiro gerou caixa positiva, nenhuma”, explica a fonte.
“O que todos temos procurado fazer é minimizar o consumo da ‘queima diária’ de caixa, e foi isso que fizemos na TAP, de forma muito bem sucedida”, diz a fonte. “O nosso consumo diário de caixa no terceiro trimestre foi muito melhor do que o que vínhamos registando desde os primeiros sinais da crise, em reflexo de uma série de negociações que foram feitas com os fornecedores, com as empresas de leasing, com a Airbus, com os trabalhadores e pelas saídas dos trabalhadores que não tiveram os seus contratos renovados”, detalha a fonte, considerando que “quando comparamos o consumo e a ‘queima’ de caixa da TAP com outras companhias aéreas, mesmo ajustadas ao tamanho, à dimensão de cada companhia aérea, a TAP teve uma performance muito melhor”, refere.
“Precisamos de mais”
“A queima de caixa diária da TAP – pro forma e ajustada pelo backlog acumulado, até a TAP ter recebido a primeira tranche do empréstimo do Estado português – diminuiu 45% no terceiro trimestre de 2020, quando comparada com o segundo trimestre de 2020”, informa a TAP.
“Mais importante que o resultado líquido negativo – os 118,7 milhões de euros –, o que importa para todas as companhias aéreas agora é a posição de liquidez e a posição de caixa”, explica a fonte da companhia. “É isso que todos estão a verificar à lupa, porque é isso que determina a sobrevivência de qualquer companhia aérea”.
“Continuamos a fazer um trabalho bom, mas ainda não é suficiente para a TAP ser sustentável. Precisamos de mais. No que se refere a minimizar o nosso consumo de caixa fizemos um excelente trabalho no terceiro trimestre, e também estamos a fazer para o quarto trimestre, assim como tencionamos fazer para os próximos períodos”, refere.
Segundo dados da TAP, a dívida financeira em 30 de setembro ascendia a 1.992,4 milhões de euros (quando a 31 de dezembro de 2019 se ficava pelos 1.358,3 milhões de euros), repartida em 947,4 milhões de euros em empréstimos bancários e obrigações, mais 582,4 milhões de euros de financiamentos do Estado português e 462,6 milhões de euros em passivos de locação com opção de compra. Em caixa e equivalentes a TAP tinha a 30 de setembro 293 milhões de euros (bastante menos que os 426,2 milhões de euros que tinha a 31 de dezembro de 2019). A dívida financeira líquida da TAP era de 1.699,4 milhões de euros em 30 de setembro (mais que os 932,1 milhões de euros que registou na mesma rubrica em 31 de dezembro de 2019). Os passivos de locação sem opção de compra da TAP S.A. a 30 de setembro ascendiam a 2.159,7 milhões de euros.
Capacidade operacional da TAP no inverno de 2020 cai mais de 60%
A TAP estima que “a redução da sua capacidade operacional no período de inverno 2020/2021 seja entre 60 e 70%, em comparação com o inverno anterior. Prevê-se que, nos próximos meses, a indústria da aviação na Europa continue a enfrentar um período de incerteza sem precedentes no que diz respeito à evolução da procura, e a TAP estará pronta para fazer ainda mais cortes de capacidade, se necessário”, admite a empresa.
“À medida que se aproxima o prazo para apresentação do ‘Plano de Reestruturação da TAP’ à Comissão Europeia, a TAP continua a tomar ações decisivas para enfrentar a renovada pressão sobre a indústria europeia da aviação, acentuada pela segunda vaga da pandemia de Covid-19, com o objetivo de se manter numa posição forte que lhe permita captar a futura recuperação de tráfego, que será ditada pelo efetiva disseminação das vacinas e por uma melhor coordenação dos testes antes dos voos”, diz a empresa.
“Os indicadores do terceiro trimestre evidenciam que ajustamentos mais profundos terão de ser realizados para reduzir a diferença entre a queda das receitas operacionais e o corte de custos. Progressos importantes neste ajustamento foram já registados, no entanto. A TAP reforçou todas as medidas de proteção da sua posição de Caixa, nomeadamente através de iniciativas para conversão de custos fixos em variáveis, renegociação de acordos comerciais e respetivos prazos de pagamento, suspensão de investimentos não essenciais e não renovação de contratos de trabalho a termo”, adianta a transportadora aérea.
A elaboração do ‘Plano de Reestruturação da TAP’ – a apresentar à Comissão Europeia” até 10 de dezembro – foi efetuada sob o Steering Committe “constituído formalmente” pelo chairman Miguel Frasquilho e por Ramiro Sequeira, atual CEO da TAP, considerado entre quadros da TAP como o “delfim” de Antonoaldo Neves, o anterior CEO da companhia.
Integram este Steering Committe, o advogado Diogo Lacerda Machado e o CFO (Chief Financial Officer) Raffael Quintas, antigo diretor financeiro da companhia aérea brasileira Azul, trazido para a TAP pelo ex-acionista David Neeleman.
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