Estas incluem a complexidade do enquadramento regulatório em que operam, a falta de “killer apps” que viessem substituir os seus produtos e serviços (ou a distribuição destes), e a confiança que clientes e governo implicitamente têm em instituições financeiras “brand name”. Esta proteção tende a ser reforçada por um certo grau de insegurança do consumidor típico em relação a novos entrantes, por inércia do consumidor e pelo doloroso processo de mudar e abrir uma nova conta.
Contudo, estas barreiras começam a desaparecer. Reguladores, especialmente no mundo pós crise, estão a trabalhar com novos entrantes com o objetivo último de oferecer mais escolha e auto-suficiência ao cliente final. A oferta atual no setor FinTech (entrantes de caracter tecnológico em serviços financeiros com novos modelos de negócio e/ ou tecnologia inovadora) pode proporcionar propostas de valor significativamente competitivas e uma experiência mais intuitiva que os produtos e serviços financeiros tradicionais. Como exemplo, o processo de abertura de conta pode demorar apenas alguns minutos em algumas entidades FinTech. Finalmente, a adoção de FinTechs é maior em clientes ativos digitalmente e de rendimento elevado, o que significa que clientes atuais de bancos e seguradoras já são clientes FinTech, e que os clientes que se estão a afastar dos fornecedores tradicionais são de elevado valor (1).
Bancos e seguradoras já estão a trabalhar com FinTechs através de aquisições, parcerias ou programas de incubação, reconhecendo, tacitamente, a inevitabilidade de coexistência entre o novo e o antigo (não só para transferências e pagamentos, produtos FinTech típicos de entrada, mas para todo o espetro de oferta de serviços financeiros).
Todavia, se bancos e seguradoras pretendem responder efetivamente aos desafios colocados por fornecedores FinTech, têm de articular uma resposta mais robusta. Têm de revisitar o seu entendimento sobre os clientes sob maior risco da concorrência FinTech e reforçar o esforço para servi-los eficazmente. Adicionalmente, players tradicionais devem aprender a adotar, à sua forma, os elementos de design que fazem dos serviços Fintech tão atrativos e fáceis de usar. Apesar de não replicável diretamente, há muito para aprender com a forma como FinTechs desenham propostas de valor e utilizam tecnologia para oferecer serviços convincentes.
(1) The Journal of Financial Perspectives, FinTech is gaining traction and young, high-income users are the early adopters, EY