O presidente da Fundação brasileira Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse que a instituição “está prestes” a assinar com o África CDC, agência da União Africana para a saúde, um acordo que visa identificar países onde instalar indústrias farmacêuticas.
Numa entrevista à Lusa por telefone, Mario Moreira recordou que a fundação, vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil, prepara-se para abrir um escritório de representação na capital da Etiópia, Adis Abeba, onde está a sede da União Africana, com a qual a Fiocruz e o Brasil pretendem trabalhar na promoção da saúde no continente africano.
A abertura desta representação da Fiocruz na Etiópia foi anunciada pelo atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro deste ano, e “é um escritório para tratar dos interesses do Brasil em África”, sublinhou.
Neste contexto, um dos pontos do acordo a assinar entre a Ficruz e o Africa CDC é fazer um “levantamento das capacidades individuais de cada país”, para que se possa “explorar a partir dali uma perspetiva de trabalho conjunto”, dependendo da especialidade de cada país, para ter no continente “capacidade industrial de produção para atender às necessidades” de África.
Um dos pontos a explorar, é “fazer esse mapeamento e esse retrato das condições africanas em ternos de produção”, frisou o responsável da Fiocruz.
Este acordo, segundo Mario Moreira, será assinado em breve, porque o contrato está “praticamente concluído”.
“Nós estamos prestes a assinar, estamos esperando só uma data. Mas o contrato já está praticamente firmado”, sublinhou.
O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) é uma instituição técnica especializada da União Africana, criada para apoiar as iniciativas de saúde pública dos Estados-membros da organização e reforçar a capacidade das suas instituições de saúde pública para detetar, prevenir, controlar e responder rápida e eficazmente às ameaças de doenç”, como se lê na sua página oficial na internet.
Entre os países africanos a explorar pela Fiocruz estão também os da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), admitiu Mario Moreira, referindo que a cooperação com Moçambique para a criação de uma unidade industrial de medicamentos, já a operar há anos, servirá de modelo em alguns aspetos, embora não de “forma idêntica”, para outros países africanos.
“Em Moçambique, a gente capacitou as pessoas, construiu uma fábrica, colocou-a em operação. E a fábrica está lá operando agora de forma sustentável”, afirmou. Mas para se fazer isso “tem que haver uma sustentação económica, compromisso dos governos com a compra dos produtos que ali serão produzidos”, referiu.
A Fiocruz pretende atuar em blocos de países e instalar fábricas em países que garantam a sua sustentabilidade, disse.
A fábrica em Moçambique representou um investimento total de cerca de 200 milhões de reais (80,4 milhões de euros), dividido entre o Governo brasileiro e empresas privadas.
Para o presidente da Fiocruz, uma das mais conhecidas instituições de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, é importante reduzir a dependência de África no setor farmacêutico, “muito danosa” para os países durante a covid-19.
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