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Fitch diz que compra da Viesgo pela EDP tem efeito positivo no outlook da empresa portuguesa

“Continuamos à espera que a EDP baixe o rácio de endividamento até 2022 para um nível consistente com um rating ‘BBB’ após a transação, que suporta a Perspectiva Positiva no Rating da empresa. A aquisição está prevista  fechar no final de 2020, diz a Fitch.
  • Reinhard Krause/Reuters
17 Julho 2020, 23h10

O contrato da EDP – Energias de Portugal para adquirir a concessionária espanhola Viesgo terá um impacto neutro nas métricas financeiras do crédito da EDP a nível consolidado e um efeito positivo marginal no perfil de risco dos negócios combinados, afirma a Fitch Ratings.

“Continuamos à espera que a EDP baixe o rácio de endividamento até 2022 para um nível consistente com um rating ‘BBB’ após a transação, que suporta a Perspectiva Positiva no Rating da empresa. A aquisição está prevista  fechar no final de 2020.

A revaliação do rating da Fitch, após a compra da Viesgo, conta com uma previsão de uma alavancagem líquida ajustada de 4,3 x FFO [Funds from operations] até o final de 2022. O que é consistente com uma atualização do rating e inclui a venda de ativos hídricos portugueses que foi aprovada por Bruxelas e que está pendente de aprovações regulatórias em Portugal, e ainda da conclusão do plano adicional de rotação de ativos de 4 mil milhões de euros.

A EDP estruturou o financiamento da compra da Viesgo (avaliada em 2,7 mil milhões de euros para 100%) para ter um impacto neutro na dívida líquida consolidada/ EBITDA.

“Acreditamos que isso confirma o compromisso da EDP de desalavancar para 3,2x o EBITDA até 2020 (em base pró-forma após transação) e para 3,0x até 2022, o que compara com  4,0x no final de 2018. Isto será amplamente alcançado através da alienação de turbinas hidrelétricas portuguesas no valor de 2,2 mil milhões de euros acordadas em dezembro de 2019, com a alienações do outros ativos restantes e com um incremento do EBITDA dos ativos recém-comissionados”, diz a agência.

A transação tem uma avaliação da empresa espanhola de 2,7 mil milhões e “o montante de 565 milhões de euros a ser pago pela EDPR à Viesgo pelo seu negócio renovável tem um rácio implícito de Enterprise Value sobre MW líquidos de €1,1 milhões.” A EDP investe 900 milhões de euros, o que “resultará na consolidação pela EDP da dívida financeira líquida existente na Viesgo de 1,1 mil milhões”. Já os fundos da Macquarie investem 700 milhões. Após a conclusão da transacção, a EDP consolidará integralmente a Viesgo e terá representação maioritária no conselho de administração, com direito a nomear o Chairman, o CEO e o CFO.

O financiamento será feito “através de uma oferta pública de subscrição de 1,020 milhões, um aumento de capital social com subscrição totalmente garantida até um máximo de 309.143.297 Novas Acções da EDP, representativas de um total de aproximadamente 8,45% do capital social da EDP”. A subscrição está “reservada a acionistas no exercício dos seus direitos de preferência e outros investidores que adquiram Direitos de Subscrição”, sendo que a emissão de acções foi já aprovada esta quarta-feira pelo conselho de administração executivo da EDP, agora liderado por Miguel Stilwell de Andrade. O preço das novas ações vai ser de 3,30 euros, o que representa um desconto de 23%.

A EDP Renováveis (EDPR) chegou a acordo com fundos geridos pela Macquarie Infrastructure e Real Assets (MIRA) para a compra do negócio de energias renováveis da Viesgo, com ‘enterprise value’ (valor de mercado) de 565 milhões de euros.

O risco de financiamento da transação para a EDP é quase zero devido ao contrato de tomada firme com os bancos já acordado. Por fim, a transação aumenta moderadamente a dívida sénior da EDP devido aos 1,05 mil milhões de euros de títulos em circulação da Viesgo, “mas a subordinação estrutural não é uma preocupação para nós, dado o amplo espaço que atualmente existe sob o limite relevante de subordinação (dívida prioritária representa mais de
2,0x-2,5x EBITDA)”, diz a Fitch.

 

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