O coronavírus tem sido um desafio importante à nossa capacidade de responder a uma crise, e até os Governos se têm multiplicado em esforços.
Manter empresas e empregos tem sido o mote, e por toda a Europa têm sido adiados pagamentos ao Estado e criadas linhas de crédito para que não haja problemas de liquidez e para que, entre empresas e Segurança Social, os trabalhadores continuem a receber. Na Alemanha, em Berlim, até os trabalhadores independentes tiveram direito a um pagamento do Estado entre 5 mil e 15 mil euros para aguentar este primeiro par de meses de confinamento.
Os governos, reconheça-se, têm-se esmerado em procurar tratar de todos, mas há uma classe profissional que, infelizmente, porque não é uma atividade, digamos, meritória e não está sindicalizada tem sido ignorada, o que é perfeitamente injusto neste momento de desgraça. Quantas famílias não veem em causa o seu nível de vida, quiçá a subsistência, perante a indiferença geral, o que é uma vergonha para uma sociedade que se diz desenvolvida.
Não, não estou a pensar nessa “profissão”, estou a pensar nos ladrões. Com as ruas desertas e as lojas fechadas, quem vão assaltar? E se os supermercados estão abertos, já tentaram roubar a carteira de alguém a um par de metros de distância? E como se assalta um caixa se toda a gente paga com multibanco? Até no metro não se pode estar sentado ao pé de ninguém. Isto é condenar toda uma classe profissional a ficar extinta como os dinossauros. Se isto continua, que filho de ladrão vai querer seguir as pisadas do pai?
Os políticos desta nossa Europa deviam pensar também no que fazer por estes desgraçados, que são tão pais de família como os outros. Então, vamos tratar dos ladrões, que eles também merecem. Porque não colocar uns bonecos na rua, com carteiras com umas coroas, para os ladrões roubarem? Com uns sensores para que só um profissional possa fazê-lo, que isto não é para parasitas. Os bonecos são seguros, não apanham nem pegam coronavírus. Cada boneco teria uma quantidade aleatória de dinheiro, para que os ladrões possam discutir entre si quem se está a safar melhor e dar interesse à coisa.
Se isto parece um disparate, há uma boa razão para o fazer. Se os confinamentos pegam, a única maneira desta gente ganhar uns cobres vai ser na política, e os ladrões de hoje estarão condenados a ser os políticos de amanhã. Portanto, é bom que se arranje um escape que os permita manter-se em atividade, ou está tudo em causa.
Já viram o que é um ladrão a sério, com uns bons anos nisto, a fazer o código do IRS? Ou o Orçamento do Estado? Depois vai ser um ver se te avias que só acaba quando estivermos todos depenados e aí, sim, é que vai ser o fim.