Isabel dos Santos chegou a ser a mulher mais rica de África. Mas passado um ano da divulgação dos documentos do Luanda Leaks, a empresária foi removida da lista da revista “Forbes” dos mais ricos em África.
A empresária angolana era a mais rica do continente africano desde 2013, mas o arresto de bens em Portugal e Angola, ditou a sua saída desta lista.
Há oito anos, Isabel dos Santos tinha uma fortuna avaliada em 3,5 mil milhões de dólares, (2,9 mil milhões de euros) que recuou para 2,2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) em janeiro de 2020, mas tudo mudou há um ano com o Luanda Leaks.
“A Forbes assume que não tem acesso e provavelmente poucas possibilidade de voltar a ganhar o controlo sobre os ativos congelados – que valem um total de 1,6 mil milhões de dólares [1,3 mil milhões de euros] – portanto, não damos nenhum valor por eles e pelos nossos cálculos ela já não é uma milionária”, segundo um artigo publicado a 22 de janeiro na revista.
No entanto, a revista norte-americana alerta que a empresária pode ter mais ativos, que neste momento não é possível contabilizar. “A “princesa” africana não é de todo uma pobre. Segundo relatos tem uma casa numa ilha privada no Dubai, outra residência em Londres e um iate no valor de 35 milhões de dólares [29 milhões de euros]. Provavelmente tem contas bancárias que a Forbes e as autoridades têm ainda de detetar”.
A publicação aponta que a empresária divide o seu tempo entre o Dubai, o local onde o seu marido, Sindika Dokolo, morreu em outubro durante um mergulho, e Londres.
Na lista publicada este ano, a Forbes identifica 18 milionários em África, um crescimento de 12% face há um ano, impulsionado pelo crescimento da bolsa nigeriana.
O empresário Aliko Dangote da Nigéria lidera a lista pelo décimo ano consecutivo, com uma fortuna avaliada em 12,1 mil milhões de dólares. Na segunda posição, surge Nassef Sawiris do Egipto, com Nicky Oppenheimer da África do Sul a fechar o pódio.
Devido ao caso Luanda Leaks, as autoridades angolanas solicitaram em janeiro de 2020 que a justiça portuguesa arrestasse as participações que a empresária detém no Eurobic, Efacec, e na NOS, com o objetivo de obter garantia patrimonial de mais de mil milhões de euros, valor que equivale ao prejuízo causado pelos alegados crimes cometidos por Isabel dos Santos.
Em abril de 2020, um tribunal de Lisboa ordenou a confiscação preventiva de 26% das ações da telecom NOS, detidas por Isabel dos Santos, com um valor de 422 milhões de euros à altura. A empresária detém esta percentagem da NOS através da sociedade ZOPT detida também pela Sonaecom (controlada em 50% pela empresária e a empresa do universo Sonae ).
Também a participação de Isabel dos Santos no banco Eurobic (42,3%) encontra-se arrestada.
No caso da Efacec, o Estado decidiu nacionalizar a empresa para posteriormente a vender, processo que está em curso. Isabel dos Santos tinha comprado 80% da Efacec por 200 milhões de euros em 2015.
A 19 de janeiro de 2020, o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido Sindika Dokolo, entretanto falecido. Estes esquemas terão permitido a retirada de dinheiro público angolano através de paraísos fiscais, segundo a investigação.
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