Este ano, a crise política (e ética) que se instalou em Portugal, com a demissão de um Governo de maioria absoluta e dissolução da Assembleia da República – que origina um novo ciclo eleitoral longo até junho com as europeias – conduz-nos ao início de um debate direita e esquerda, dos programas dos partidos, bem em cima da quadra natalícia.
Este período do calendário é tradicionalmente vivido com alegria, esperança, paz social e alguma anestesia face aos problemas reais do país, que não encontram resposta à altura nas propostas de quem tem governado Portugal na última década.
Porque este é o país com uma das maiores cargas fiscais do mundo, é o que tem dos maiores endividamentos públicos da Europa, é o que tem visto a sua proteção social e saúde a definhar e os serviços públicos numa degradação crescente e assustadora. Mas como os cidadãos não se resignam, continuam a lutar e a trabalhar por um futuro melhor, parece que tudo vai bem, pois para alguns a culpa de tudo é só do acaso e do alheio.
A anemia e anestesia que se sente no país real tem de dar lugar a um crescimento robusto e a uma melhoria da nossa competitividade económica, mas é necessário um rumo diferente e novos horizontes para Portugal. O nosso povo sonha com um futuro melhor, mas sem criação de riqueza coletiva e sem uma nova visão estratégica para Portugal, dificilmente isso acontecerá.
Vencer os desafios demográficos, decorrentes da baixa natalidade e do envelhecimento ativo, para evitar o agravamento das desigualdades sociais e globalização desregulada, da pobreza e da exclusão social, será determinante para a retoma económica e recuperação de postos de trabalho. Assim como contrariar um Estado que absorve demasiado esforço dos Portugueses e da frágil economia, que não tem permitido libertar a produtividade e a riqueza. É tempo de o Estado deixar de asfixiar as empresas e os cidadãos.
Não faltam, pois, desafios para o novo ano que se iniciará. Urge adotar um novo modelo de desenvolvimento económico e social, para voltar a criar riqueza e aumentar a competitividade. E caberá a um novo Governo em março, e ao Estado, nesta reconstrução patriótica, encontrar as melhores condições para uma sociedade civil criativa, empreendedora e inovadora, com um Estado forte e eficiente.
O verdadeiro crescimento económico e social, com mais poder de compra, menos impostos e melhores serviços públicos, é o que todos merecemos em 2024. Vamos acreditar num Portugal onde vale a pena viver, trabalhar e sonhar.