Scientia potentia est – o conhecimento é poder. A expressão remonta ao séc. XVII, quando Francis Bacon e Thomas Hobbes determinaram o conhecimento como a maior fonte de poder do Homem. Se o conhecimento sempre foi precioso, nos dias que correm, assume um papel ainda mais fundamental.

Longe vão os tempos em que achávamos que a aprendizagem acabava nos bancos da escola. O mundo, o mercado de trabalho e as indústrias estão em constante mudança, o que exige que profissionais e organizações também invistam na aquisição de conhecimento e de novas competências, ao longo da vida.

A formação surge, em primeira instância, como uma obrigação legal, prevista no Código do Trabalho, que determina que todas as empresas devem proporcionar 40 horas, por ano, aos seus colaboradores.

Este investimento, que acaba por ser um custo indispensável, quer em termos legais, quer em termos de desenvolvimento profissional, se pensado de forma estratégica, pode traduzir-se em dividendos, para muitos, surpreendentes. É um investimento no ativo mais precioso da empresa: os colaboradores. Onde muitas empresas falham é na escolha formativa – criando um círculo vicioso de “faço formação porque me obrigam”.

Se proporcionar formação é uma “obrigação” das empresas e um custo que, de qualquer forma, têm de suportar (sob pena de pagar pesadas multas por incumprimento), porque não apostar em cursos que agradam aos colaboradores e beneficiam a organização.

A verdade é que esta aposta vai muito além da obrigatoriedade ou da resposta no curto prazo que um determinado curso possa suprimir. Por um lado, representa uma grande contenção de custos, uma vez que ter na empresa colaboradores desmotivados, formar profissionais de raiz ou contratar prestadores de serviços para tarefas específicas é mais dispendioso para a empresa do que formar as pessoas internamente e mantê-las.

Por outro, é também um fator de atração e retenção de talento – algo que causa grandes dores a qualquer empresa, hoje em dia. Um estudo conduzido pela PwC revelou que a geração dos Millenials coloca os programas de formação como o terceiro fator mais atrativo numa empresa.

Assim, qual a justificação para que as empresas não desenhem planos de formação? Os formatos que estes cursos podem assumir, hoje em dia, são bastante variados e ajustam-se às necessidades da empresa e dos colaboradores.

Quase todas as instituições de ensino e formação estão a disponibilizar os seus conteúdos em formato e-learning, dando maior flexibilidade aos colaboradores, bem como acesso a conteúdos e programas que, de outra forma, seriam inacessíveis pela distância física das instituições ou formadores. Também o ensino online, muito adotado desde o início da pandemia, pode ajudar as empresas a poupar recursos: não é preciso ocupar espaço nos escritórios, não gasta luz, água ou consumíveis.

A organização deve fazer a sua parte, disponibilizando ao colaborador uma oferta formativa interessante e de acordo com as suas necessidades, mas o colaborador também tem de fazer o compromisso de gerir o próprio processo de aprendizagem. O sucesso e o progresso das carreiras profissionais e das próprias empresas poderá estar neste pensamento estratégico a longo prazo e na abertura para continuar a aprender.