Forte subida das bolsas europeias, mas Lisboa destoa

Numa Europa animada a Bolsa de Lisboa fechou com uma queda ligeira (-0,08% para 4.295,72 pontos). Nem as expressivas valorizações do BCP (+3,10% para 0,0998 euros); da Galp (+4,71% para 10,89 euros) e da Sonae Capital (+6,30% para 0,54 euros) chegaram para pôr o PSI-20 em terreno positivo.

Isto num dia em que as principais praças europeias prosseguem em alta e estendem os ganhos pelo terceiro dia consecutivo esta semana.

Nas subidas destaque ainda para a NOS (+2,34% para 3,67 euros).

A liderar as perdas esteve a Ibersol, do setor da Restauração, que tombou -11,24% para 6,00 euros. Seguiu-se a EDP Renováveis que desceu -4,10% para 11,24 euros; e a EDP que recuou -2,22% para 4,14 euros. A REN também perdeu -1,23% para 2,415 euros. Já a Altri deslizou -1,93% e a Corticeira Amorim caiu -1,29%.

“O mercado nacional apresentou novamente uma underperformance face aos pares europeus, explicada pelo menor peso dos sectores mais cíclicos no PSI-20”, refere o comentário de fecho do BPI. “O grupo EDP, a Altri e a Mota-Engil (-1,11% figuraram entre os títulos mais penalizados)”, diz o analista do BPI.

Na véspera de apresentarem os seus resultados, a Altri fechou nos 4,368 euros (-1,93%), enquanto que a Semapa ganhou 0,94%.

A Jerónimo Martins subiu 0,75%, no dia em que o Ministério do Desenvolvimento da Polónia disse que não há motivos para suspender a proibição do comércio ao domingo, destacou ainda o BPI.

Em contraste, a maioria dos índices bolsistas europeus terminou a sessão de hoje em alta. O EuroStoxx 50 subiu 1,57% para 3.046,18 pontos; o CAC 40 ganhou 1,33% para 3.627,4 pontos; o DAX avançou 1,26% para 11.649,9 pontos; o FTSE 100 subiu 1,16% para 6.137,9 pontos; o IBEX disparou 2,32%; tal como a bolsa grega com o seu índice a subir cerca de 4%. Itália subiu +0,15% para 17.886,7 pontos.

“Na ordem do dia continuam todos os temas relacionados com a pandemia, nomeadamente a reabertura de muitas economias mundiais, bem como a decisão da comissão Europeia relativamente ao suporte que será dado aos países da União Europeia”, detalha o BPI na sua análise.

A Comissão Europeia apresentou hoje as propostas para o fundo de recuperação temporário, agora denominado “Próxima Geração UE” e o próximo quadro financeiro plurianual para apoio aos países que agora recuperam da crise pós-Covid.

O BPI recorda que “num discurso perante o Parlamento Europeu, em Bruxelas, Ursula Von der Leyen referiu que o Fundo de Recuperação da UE de 750 mil milhões de euros que hoje propõe junta-se a uma proposta (ligeiramente) revista do próximo quadro orçamental da UE para 2021-2027 de 1.100 mil milhões, representando então as propostas hoje apresentadas pelo seu executivo um montante de 1.850 mil milhões de euros.

A composição deste fundo será 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos.

As propostas de hoje “juntam-se às três redes de segurança de 540 mil milhões já acordadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho”.

Já o analista do Millennium BCP destaca que “no seio empresarial o foco vai para a valorização da Renault após notas empresariais apontarem que a fabricante pretende reduzir os custos em 2 mil milhões de euros e para a subida do BNP depois de uma reavaliação positiva por parte da Morgan Stanley”.

A Renault e a Nissan anunciaram hoje planos para reforçarem a sua aliança e reduzirem os seus custos. As ações da Renault subiram mais de 17%.

“Por sua vez, a Fiat Chrysler subiu 2,81%. A Banca Intesa irá ceder um empréstimo de 6 mil milhões à Fiat, crédito esse garantido pelo Estado. Esta constitui uma das mais recentes medidas que os diversos Governos Europeus estão a implementar para ajudar a indústria automóvel. Ontem, o Governo de Paris anunciou que irá realizar um pacote de apoios na ordem dos 8 mil milhões de euros”, destaca o BPI

Já o analista do BCP destacou o facto de os EUA ponderarem uma série de sanções para punir a China pela repressão em Hong Kong. “A fazer manchete estão ainda as declarações da presidente do BCE, onde afirmou que a economia na região está em linha com as previsões mais pessimistas e apontam para uma contração entre os 8 e 12% no PIB em 2020”, diz o BCP

No plano macroeconómico foi revelado que a confiança empresarial e na indústria começam a voltar lentamente em França.

O petróleo está em forte queda nos mercados internacionais. O Brent tomba -4,23% para 34,64 dólares.

Na dívida soberana os juros de Portugal a dez anos (0,62%) caem abaixo dos de Espanha (0,64%) o que não acontecia desde janeiro. O prémio exigido pelos investidores para comprar dívida portuguesa é menor do que para a dívida espanhola.

Os juros nacionais caíram após ter sido anunciado o valor do fundo de recuperação desenhado pela Comissão Europeia.

Os juros da Alemanha subiram 1,62 pontos base para -0,41%.

O euro caiu -0,03% para 1,0979 dólares.