Estamos uma grande encruzilhada da política internacional, com grandes mudanças nos EUA, que estão a provocar alterações estruturais na Europa, e precisamos de discutir e chegar a um consenso público sobre elas, para além da necessidade de minorar todos os outros problemas que já tínhamos.
Como escreve Brad DeLong, autor norte-americano: “a razão pública, como o processo deliberativo pelo qual as sociedades democráticas forjam consensos e fazem escolhas colectivas, foi erodido pela crescente hostilidade entre facções políticas”.
No caso dos EUA, para além desta hostilidade, há efectivas divergências políticas profundas. Em Portugal, esta animosidade é um pouco menos compreensível, porque as diferenças não são assim tão significativas ao ponto de justificarem a actual dificuldade em chegar a acordos consensuais minimamente estáveis.
Uma coisa parece certa: a actual fragmentação parlamentar veio para ficar. Se ela se irá traduzir numa permanente instabilidade governativa depende de os partidos perceberem que têm de aprender a construir consensos, como é o caso da Alemanha, ou manterem a “cultura” política que têm tido até aqui.
Assim, uma das primeiras e principais perguntas que a comunicação social deveria fazer aos partidos é: até que ponto está disposto a contribuir para a construção de consensos, para a resolução dos nossos principais problemas?
Esperemos, também, que o próximo Presidente da República perceba a importância dos consensos e tenha capacidade para os facilitar.
Temos tido um crescimento modesto, de 2,1% de 2015 a 2024, mas sobretudo em quantidade (aumento médio de 1,6% do emprego), com fraca qualidade, com um crescimento da produtividade de apenas 0,6% ao ano. Consideram este tema importante? Quais as principais medidas para aumentar a produtividade?
Portugal tem gasto 1,6% do PIB em defesa, devendo ter que aumentar esta despesa. Acham que basta aumentar esta despesa, ou é necessário rever os gastos actuais e melhorar a sua eficiência? Como é que estão a pensar financiar este aumento da despesa? Que outras despesas públicas terão que ser afectadas?
Continuamos a construir cerca de um quarto do que construíamos há vinte anos. Acham que é possível diminuir a crise da habitação sem um forte aumento da construção? Estão dispostos a definir metas de longo prazo para a construção? Que outras metas e compromissos numéricos e calendarizados estão dispostos a assumir?
O que acham que é mais importante: a ideologia ou a saúde das pessoas? Quais as propostas para melhorar a saúde? E para melhorar a gestão do SNS?
Acham importante acabar com a precariedade do emprego no Estado? E no caso dos professores? O que advogam para melhorar o ensino?
O leitor pode prosseguir com as perguntas que seria importante que a comunicação social fizesse aos partidos e que estes respondessem. Era muito importante que a campanha eleitoral se centrasse nos temas mais importantes e não em guerrinhas que pouco interessam ao futuro do país.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.