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França: Macron em marcha contra todos os extremos

O presidente francês arrisca tudo nas eleições antecipadas e quer uma frente diversificada e “patriótica” contra os extremistas de direita mas também contra os de esquerda.
12 Junho 2024, 12h16

A dezoito dias das eleições legislativas antecipadas, o presidente da República Francesa revelou o seu plano de batalha para tentar conquistar uma “maioria clara” para o resto do mandato de cinco anos, durante a conferência de imprensa que realizou em Paris.

De uma forma geral, Emmanuel Macron tentou explicar aos franceses que tanto a aliança das direitas como a das esquerdas são não apenas insuficientes para resolver os problemas do país, mas também levemente ‘não-patrióticas’. Na conferência de imprensa, e depois de um discurso de abertura sobre os valores da soberania e “o regresso da autoridade republicana”, Emmanuel Macron evocou a sua “ambição ecológica e económica”, recordando o seu historial “nos últimos sete anos, criado mais de dois milhões de postos de trabalho, começado a reindustrializar o país, defendendo a sua independência, reforçado a sua soberania agrícola e industrial”.

“Estamos em processo de preparação de textos sobre indústria verde e agricultura que serão retomados assim que os franceses, espero, tiverem confiança nesta maioria”, que sendo apenas relativa, precisa de evoluir para a absoluta – é o que se depreende das palavras do presidente. Macron quer agora “amplificar a ação pela reindustrialização e reabertura das fábricas no nosso território. Criação de emprego, reconhecimento do trabalho, energia, independência agrícola e tecnológica”. “Devemos continuar a liberar as restrições regulatórias e fiscais que pesam sobre aqueles que querem tomar iniciativas e, portanto, fortalecer a simplificação”, afirmou.

Macron estendeu ‘democraticamente’ as críticas à extrema-direita e à extrema-esquerda” – dizendo que são propostas que se unem num quadro de inoperância e de incapacidade de dar resposta aos problemas reais do país.

Mas o facto de a esquerda estar unida e a direita estar motivada são os dois maiores problemas de Macron. É difícil encontrar entre os analistas que populam a comunicação social francesa alguém que considere o risco assumido por Macron como uma boa ideia política. Mesmo assim, o presidente francês assume um discurso sobre “eixos prioritários” e do “método” de Governo para os atingir. Em particular, defendeu a “proteção dos valores republicanos”, num quadro em que “a ascensão da extrema-direita deve ser ouvida”. 

Reconhecendo que não é “perfeito”, que não fez “tudo bem”, Emmanuel Macron acredita que perante os extremos “o bloco central, progressista, democrático e republicano está unido e é claro na sua relação com a República, com a Europa e nas suas prioridades”. E pede um reencontro de “social-democratas, radicais, ecologistas, democratas-cristãos, gaullistas e, mais amplamente, de compatriotas e líderes políticos que não se reconhecem na febre extremista”.

“Espero que quando chegar a hora mulheres e homens de boa vontade juntos digam não aos extremos, e que sejam capazes de construir um projeto comum útil para o país”, disse ainda, referindo-se a um “novo projeto”, uma “federação de projetos para governar”.

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