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Fundos, grupos e tempo. Eduardo Câmara aposta em startups e ensina aspirantes a investidores

“Investir em startups é parecido com investir na bolsa. A não ser que se saiba exatamente o que se está a fazer e se dedique boa parte do dia a fazê-lo, devia colocar o seu dinheiro num fundo de investimento”, afirma Eduardo Sette Câmara, da aceleradora Beta-i, ao Jornal Económico.
9 Janeiro 2019, 11h00

Se nem sempre é simples iniciar um negócio só a partir de uma boa ideia, também não é fácil investir apenas com os cofres cheios. Os novos investidores e os aspirantes a têm diversas dúvidas, entre as quais: Como procurar startups que se enquadrem nas necessidades? Como analisar e selecionar esses negócios? Como é se continua a aportar valor na empresa e ajudá-la crescer, depois de se fechar a injeção de capital?

Eduardo Sette Câmara, da aceleradora Beta-i, explicou ao Jornal Económico que aconselha sempre os investidores a entrarem num “grupo de anjos”, apostar em fundos e em grupos experientes e neles absorver experiência. O fundador e ex-managing partner da Exim Ventures conta ainda que tende a evitar alguns tipos de operações que têm ciclos de desenvolvimento muito grande ou para as quais percebem que não conseguirão agregar valor.

“Investir em startups é parecido com investir na bolsa de valores. A não ser que se saiba exatamente o que se está a fazer e se dedique boa parte do dia a fazê-lo, devia colocar o seu dinheiro num fundo de investimento”, compara o empresário brasileiro.

A maneira como olha para estas pequenas empresas também tem sofrido transformações à medida que este ecossistema se desenvolve. Os investidores querem mais maturidade dos empreendedores e estes últimos têm aproveitado as pré-rondas de financiamento para se preparem para as seguintes. “Tem evoluído bastante. Até existe a discussão de que o que se exigia das startups para um ‘series A’ hoje já começa a exigir-se para uma ‘seed round’ [a ronda inicial, ou seja, o primeiro capital externo a entrar]. Há startups a fazer captações a que chamamos de ‘bridge rounds’, levantando dinheiro que se compararia a um ‘seed round’, mas sem o ser”, explicou.

Na sua opinião, a indústria dos investidores-anjo em Portugal tem tido um “ritmo saudável”, com a criação de novos fundos e veículos e decisões de investimento cada vez mais ponderadas. “Com o aumento da liquidez de oferta, começa-se a exigir mais das empresas, para conseguir diferenciar melhor”, refere Eduardo Sette Câmara ao jornal. O head of Acceleration da Beta-i aplaude os apoios do governo, mas conta que tem contactado com vários investidores europeus e americanos que estão à procura de startups presentes em Portugal, mas não necessariamente portuguesas. Quanto aos empreendedores brasileiros, muitos utilizam o país para os colocar no radar da Europa e dar-lhes exposição para outros mercados.

 “Portugal é um lugar muito bom para se montar uma startup. Tem um custo relativamente baixo, quando se compara com os Estados Unidos, a Alemanha ou o Reino Unido. Para um investidor também, porque a quantidade disponível é a mesma mas consegue-se fazer mais coisas com esse dinheiro”, realçou.

Apesar do crescimento das tecnológicas, Eduardo Sette Câmara confessou que tem conversado com vários empreendedores que sentem alguma dificuldade na hora de vender soluções com base em ‘blockchain’. “É uma palavra complicada de entenderem. Dizemos simplesmente: deixa de dizer ‘blockchain’ ao cliente. Pouco lhes importa se é com ‘blockchain’ ou não, mas sim se conseguem fazer o negócio”, diz.

Para clarificar estas questões, investidores a título individual, sociedades de capital de risco, aceleradoras e plataformas de ‘equity crowdfunding’ nacionais e internacionais reúnem-se na Business Angel Summit. Destinada a empresas, ‘business angels’ ou aprendizes, esta cimeira debate formas de atuação dentro do ciclo de investimento. O evento mais recente decorreu entre os dias 13 e 14 de dezembro de 2018, tendo contado com o apoio da Instituição Financeira de Desenvolvimento, PME Investimentos, da sociedade de advogados CCA Ontier, a Turismo de Portugal, o IAPMEI e a Funderbeam.

Investidores e oradores como Marta Palmeiro (Pier Partners), Jacqueline Holmes (Midori Management), Orson Stadler (Mustard Seed Impact), Jessica Stacey (Bethnal Green Ventures), Luís Roquette Geraldes (associado sénior da Morais Leitão), Andy Areitio (The Venture City) e Urmas Peiker (Funderbeam) partilharam as suas perspetivas.

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