A opção por ações nacionais em detrimento de títulos do mercado norte-americano permitiu aos fundos de investimento nacionais manterem rendibilidades acima dos 20%.
O melhor retorno a nível de rendibilidades anualizadas a 25 de março último foi possível com fundos flexíveis e com fundos de ações nacionais, de acordo com a análise da APFIPP – Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. Estes dados revelam que o melhor fundo mobiliário em termos de rendibilidade anualizada pertenceu ao fundo BPI com um ganho de 31,2%, enquanto os fundos mobiliários BPI Portugal, NB Portugal Ações, IMGA Ações Portugal – categoria A e categoria R, todos inseridos na categoria de fundos de ações nacionais, geraram rendibilidades anualizadas a 25 de março com valores entre os 24% e os 28%. A meio da tabela dos melhores fundos de investimento mobiliários nacionais aparece um fundo de ações da América do Norte, o IMGA Ações América – categoria A e restante ranking dos melhores estão fundos de ações setoriais e ações globais com rendibilidades anualizadas entre os 17% e os 19%. De realçar que dois dos melhores fundos têm volume sob gestão acima dos 100 milhões de euros.
Os mercados financeiros têm refletido a instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia e consequente crise a nível energético e logística. Os mercados financeiros revelaram fortes quedas nas ações, agravadas pela subida rápida da inflação na generalidade dos países europeus e nos EUA. Aliás, neste mercado é preocupante o facto de as yields das obrigações soberanas a dois anos ter superado a da dívida a 10 anos, o que é um claro sinal de um novo período recessivo, algo que já tinha acontecido há três anos no auge da guerra comercial entre a administração americana, liderada por Trump, e a administração chinesa.
Entretanto, os analistas mostram preocupação com a subida das taxas de juro. EUA e União Europeia estão a aproximar-se de inflações médias mensais de dois dígitos e Portugal, que é um dos países da UE com um dos níveis de inflação mais baixos, registou 5,3% de inflação em março em termos homólogos, de acordo com o INE. Nas análises internacionais ressalta um fator relevante para os investidores e que é o impacto da inflação nos mercados emergentes versus mercados desenvolvidos. E embora, numa análise rápida a conclusão óbvia é da maior dificuldade dos mercados emergentes, a analista do Capital Group, Kirstie Spence, salienta que há mercados emergentes capazes de acautelar o problema da estagflação, crescimento reduzido com elevada inflação, pelo simples facto de desde há bastante tempo estarem a gerir a política monetária em ambiente inflacionário. Refere Spence que os três fatores que poderão ser favoráveis a determinados mercados emergentes é o facto de estes mercados lidarem há muito com o problema da inflação, sendo que no respetivo índices de preço a componente de alimentação e energia é superior às dos índices dos países desenvolvidos.
Por outro lado, os bancos centrais destes países têm vindo desde há bastante tempo a responder aos impactos da inflação, enquanto os países desenvolvidos da União Europeia ainda estão na fase de juros baixos e só agora estão a acabar o período de controlo de juros através do programa de quantitative easing. Por último, alguns destes mercados emergentes estão melhor preparados para acautelar uma subida de preço por via da inflação pelo facto de serem autossuficientes em termos de alimentação e energia, sendo inclusive, exportadores líquidos destas “commodities”. Outros beneficiam ainda do facto de estarem política e geograficamente distanciados da crise, como é o caso dos mercados do Médio Oriente e da América Latina. O autor considera que estas são regiões que apresentam maior resiliência ao tema da inflação por via da subida de preços da energia, do setor alimentar e da logística que alimentam as indústrias ocidentais, como seja o setor automóvel.
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