Os líderes do G7 – as sete maiores economias avançadas do mundo – reuniram-se a 13 de junho na Cornualha para a primeira cimeira presencial desde 2019 e chegaram a acordo para uma Agenda Comum para uma Ação Global que faça frente aos desafios mais prementes a nível mundial, e que inclui compromissos sobre vacinas, clima e desenvolvimento.
Na véspera da cimeira do G7, o primeiro-ministro, Boris Johnson anunciou que o Reino Unido vai doar 100 milhões de vacinas Covid a outros países. Os primeiros cinco milhões de doses serão doados aos países mais pobres do mundo até ao final de setembro. O primeiro-ministro também se comprometeu a doar mais 95 milhões de doses nos próximos 12 meses. 80% desse total destina-se à COVAX, a iniciativa global que já fez chegar até agora 81 milhões de doses a 129 dos países mais pobres do mundo. 96% destas vacinas são Oxford-AstraZeneca, cujo desenvolvimento é financiado pelo Reino Unido.
Os líderes do G7 subscreveram a “Declaração de Carbis Bay” sobre saúde, comprometendo-se a tomar medidas para garantir que a devastação causada globalmente pelo coronavírus nunca se repita. A declaração estabelece 12 medidas para evitar uma futura pandemia, incluindo a redução para menos de 100 dias do tempo necessário para desenvolver e licenciar vacinas, tratamentos e diagnósticos para qualquer doença futura, reforçar as redes globais de vigilância e capacidade de sequenciação genómica e reformar e fortalecer a Organização Mundial de Saúde.
Para um sistema de saúde global verdadeiramente resiliente, precisamos que todos os países, não só os membros do G7, tomem medidas imediatas para preservar e reforçar as infraestruturas nacionais, regionais e globais.
Os líderes do G7 acordaram também um novo “Consenso da Cornualha” para “Construir Melhor” (Build Back Better) e garantir que o crescimento económico é verde e inclusivo, e nos torna resilientes contra riscos ambientais, económicos e geopolíticos. Desenvolvido como resposta à pandemia Covid, este consenso tem por base o trabalho do painel de resiliência económica do G7, cujo presidente, Lord Sedwill visitou Portugal recentemente para discutir estes importantes temas com membros do Governo Português e com um grupo de economistas independentes.
Em matéria de clima e ambiente, os líderes do G7 definiram ações concretas para reduzir as emissões de carbono, incluindo medidas para acelerar a eliminação progressiva da produção de energia a carvão, acabando com quase todo o apoio governamental direto ao setor da energia fóssil em países terceiros e eliminando, progressivamente, os carros a gasolina e gasóleo. O Reino Unido vai mais longe, comprometendo-se a reduzir as emissões em pelo menos 68% até 2030 para os níveis de 1990 (redução de 58% face aos níveis de 2010).
Este foi o primeiro G7 neutro em termos de emissões, com todos os países a comprometerem-se a atingir zero emissões líquidas o mais tardar até 2050 com metas ambiciosas de redução em 2020. A cimeira dos líderes constitui um importante passo no caminho para a COP26, que o Reino Unido acolhe em Glasgow em novembro.
As negociações do G7 provaram o poder do multilateralismo na elevação da ambição individual e coletiva em vários domínios. As principais democracias mundiais reuniram-se no Reino Unido para acordar medidas urgentes sobre clima e natureza, saúde global e resiliência económica. Alguns poderão dizer que o G7 deveria ter ido mais longe e é verdade que haverá sempre necessidade de continuar a agir. Mas esta Agenda Comum para uma Ação Global sublinha a relevância e pertinência do G7 neste momento crítico para o mundo.