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Galp anuncia em Londres que vai duplicar a sua produção petrolífera na próxima década

O CEO da Galp, Carlos Gomes da Silva, aposta na duplicação, até 2030, da produção de petróleo e gás natural da Galp no Brasil, Angola e Moçambique, elevando a curto prazo o cash flow operacional (o CFFO) da sua empresa ao nível dos 3 mil milhões de euros anuais. Para tal manterá projetos de produção petrolífera com baixos custos e elevado retorno, com break even nos 25 dólares por barril.
  • Cristina Bernardo
18 Fevereiro 2020, 12h41

O crescimento da produção de energia da Galp, sobretudo de petróleo, “vai duplicar durante a próxima década”, anunciou hoje em Londres o presidente executivo da empresa, Carlos Gomes da Silva, na abertura do “Capital Markets Day”.

A sustentabilidade desta estratégia de crescimento de produção é baseada em baixos níveis de break even – a 25 dólares por barril de petróleo – dos prospetos de produção, adiantou o CEO da Galp, considerando que os custos de produção dos projetos de produção da Galp estarão entre os mais moderados do sector e entre os mais baixos praticados entre as companhias comparáveis.

Em suma, Gomes da Silva diz que “a Galp vai transformar-se, a partir de 2025, numa empresa com um cash flow operacional de 3 mil milhões de euros anuais” – o designado Cash Flow From Operations (CFFO). As “estrelas” – os top tier projetcts da Galp em Angola, Moçambique e no Brasil – da produção de petróleo e gás natural serão, até 2022, os campos de Atapu I, Sépia I (no Brasil) e Coral FLNG (em Moçambique). De 2022 a 2025 serão os campos de Lula West, Bacalhau I e Rovuma LNG. E a partir de 2025 a Galp vai apostar no desenvolvimento dos campos petrolíferos de Rovuma LNG, Bacalhau II, Sururu Main e Júpiter.

Carlos Gomes da Silva recordou que o ano de 2019 começou com um reforço na área de upstream, com a entrada em produção de dois navios-plataforma no Brasil e mais outro em Angola, acrescido da consagração internacional reconhecida ao projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) da zona do Rovuma, em Moçambique – onde foram confirmadas reservas de Gás Natural classificadas entre as maiores a nível mundial.

Assim, segundo Gomes da Silva, a produção da Galp cresceu 14% em 2019, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) atingiu 2,4 mil milhões de euros, o investimento (Capex) ficou nos 0,9 mil milhões de euros, a eficiência de refinação melhorou cerca de um dólar por barril de petróleo equivalente (+$1/boe), com forte contributo dos negócios de Gás Natural e de GNL e, finalmente, ao nível dos investimentos em energias renováveis foi referida a aquisição do portefólio de parques solares em Espanha com uma capacidade instalada de produção de 2,9 GW.

A Galp pretende assumir-se como uma empresa líder em Espanha na produção de energia através de parques de geração solar, com capacidade instalada de 3,3 GW a partir de 2023. Estes projetos da Galp têm 914 MW operacionais e ainda 629 MW num estádio avançado de desenvolvimento, com acessos à rede permitidos. Estes projetos têm um retorno de equity estimado em cerca de 10%, segundo informações da Galp.

O CEO da Galp explicou que a sua empresa mantém o “compromisso de construir um portefólio para o longo prazo, aproveitando as oportunidades do processo de transição energética em curso de forma a conjugar o crescimento com o retorno ao acionista”. De 2015 a 2019, a produção da Galp passou, respectivamente, de 46 mil barris de petróleo equivalente por dia (kboepd) para 122 mil kboepd.

No upstream (a produção de petróleo e gás natural) a Galp é orientada de “forma consistente para a criação de valor”, na sua permanente construção de um portefólio sustentável. Para isso é importante a manutenção de baixos custos de produção e uma forte geração de cash flow, defende Carlos Gomes da Silva.

Na refinação e no midstream, a Galp vai apostar na melhoria gradual da sua eficiência, adaptando-se às tendências de mercado e à evolução da regulação sectorial. Segundo dados apresentados em Londres pela Galp, o Opex mais o Capex aplicados no sistema de refinação da Galp deverão permitir uma melhoria de margem 2,8 dólares por barril de petróleo, com perspetivas de uma melhoria adicional de 0,5 dólares por barril a partir de 2022.

Ao nível comercial, a Galp, segundo Gomes da Silva, estará cada vez mais centrada no consumidor a quem apresentará uma proposta integrada de produtos, sendo, para tal, muito relevante a evolução ao nível da transformação digital e da inovação. Nas energias renováveis, será fundamental a construção de novos negócios competitivos, inovadores, e que capturem valor com soluções diferenciadoras.

Por seu turno, o responsável financeiro (CFO) da Galp, Filipe Silva, apresentou a nova estrutura financeira da Galp, explicando que a área de exploração e produção da Galp evoluiu para uma nova estrutura da empresa que a concentra na área de upstream, dando um contributo (RCA EBITDA) em 2019 de 1,751 mil milhões de euros. A refinação e o midstream (juntamente com o trading, a cogeração, a logística e as infraestruturas de gás contribuem com 208 milhões de euros para o RCA EBITDA de 2019. A área comercial (os negócios de B2b e o B2C) contribuem com 401 milhões de euros ao nível do RCA EBITDA de 2019. Finalmente, os novos negócios em energias renováveis contribuem com 5 milhões de euros para o RCA EBITDA de 2019.

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