A futura refinaria de lítio da Galp em Setúbal vai contar com minério comprado em outros países para abastecer a sua produção de lítio. O objetivo é que a infraestrutura não fique dependente do lítio nacional, numa altura em que as minas de lítio teimam em sair do papel e, previsivelmente, vai demorar vários anos até que comecem a produzir em escala.
“Se conseguirmos produto português, ótimo. E mesmo se conseguirmos produto nacional, vamos importar metade do produto, de qualquer forma, é importante ter uma cadeia de abastecimento equilibrada”, disse hoje o presidente executivo da Galp em conferência de imprensa.
“Portugal tem as maiores reservas lítio na Europa e as oitavas maiores do mundo”, recordou o gestor britânico. “A transição energética vai ter uma pegada diferente, mas não é uma pegada zero pois vai requerer a instalação de painéis solares, pás eólicas, e minas de lítio”.
Portugal tem uma grande quantidade comprovada de espumodena de lítio que depois é refinada para obter hidróxido de lítio que é usado para produzir baterias para carros elétricos.
A 13 de abril, o consórcio Aurora – constituído pela Galp e pelos suecos da Northvolt – anunciou que vai instalar uma refinaria de lítio em Setúbal que entra em operação até ao final de 2025, com as vendas a arrancarem em 2026.
O projeto vai ter um investimento de 700 milhões de euros, com a criação de 200 postos de trabalho diretos e 3.000 indiretos. A unidade vai ficar localizada no Parque Industrial Sapec Bay. No entanto, o consórcio destaca que ainda não existe uma “decisão final de investimento”.
Esta unidade vai ter a capacidade suficiente para produzir o hidróxido de lítio suficiente para equipar 700 mil veículos elétricos, numa capacidade de produção inicial entre 28 mil a 35 mil toneladas de hidróxido de lítio, material essencial para produzir baterias de ião-lítio.
O Governo comprometeu-se a lançar o concurso do lítio este ano, segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2022, divulgada a 13 de abril. “Lançar o concurso público para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais de lítio e minerais associados, com vista ao desenvolvimento de um cluster industrial em torno deste recurso”, de acordo com o documento.
Em fevereiro, o Governo anunciou que a “Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) promovida pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que sujeitou a análise oito áreas com potencial de existência de lítio, concluiu que em seis delas há condições para avançar”.
Neste documento, o Governo avançava que pretendia avançar ainda este ano com o procedimento concursal para atribuição de direitos de prospeção e de pesquisa de lítio.
“Após o procedimento concursal e a prospeção (a decorrer num prazo máximo de cinco anos), poderá iniciar-se a exploração de lítio, com cada um dos projetos a ser sujeito a Avaliação de Impacto Ambiental”, anunciava então o Governo.
O lítio regressou assim ao radar do Governo depois de ter desaparecido do programa do executivo, divulgado a 1 de abril, em comparação com o documento publicado em outubro de 2019. No programa do Governo até 2026 não existe uma única referência ao lítio.
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