A Galp vai avançar com dois investimentos, num valor total de 650 milhões de euros, em “dois projetos de grande escala para reduzir a pegada de carbono da refinaria de Sines e dos seus produtos”. O Conselho de Administração da empresa portuguesa anunciou, através de comunicado, a criação de uma unidade de eletrólise de 100 megawatts (MW) para produzir hidrogénio verde e uma unidade de produção de biocombustível avançado.
O Jornal Económico revelou este investimento em primeira mão a 21 de abril deste ano.
A unidade de biocombustíveis avançados é feita em parceria com a Mitsui. Os dois projetos, revela a empresa, deverão começar a funcionar em 2025, com a construção a ser iniciada já em outubro.
“Estes projetos são dos maiores do seu género, representando um investimento geral de 650 milhões de euros. Esta é uma contribuição significativa para transformação e crescimento da indústria em Portugal, colocando a Galp na vanguarda do desenvolvimento de soluções de baixo carbono, necessário para a transição energética”, aponta Paula Amorim, chairman da empresa no mesmo comunicado.
“Estas decisões de investimento foram tomadas na expectativa de que a evolução do enquadramento fiscal e regulatório em Portugal não prejudique o sucesso destes projetos de grande dimensão, garantindo que as nossas operações industriais se mantenham competitivas a longo prazo num contexto global”, continua a gestora.
O Jornal Económico já tinha noticiado, em junho, que a Agência Portuguesa do Ambiente deu ‘luz verde’ ao projeto de 217 milhões de euros focado no hidrogénio verde. Para avançar, restava apenas “clarificação” fiscal e regulatória.
Hidrogénio verde. Projeto de 217 milhões da Galp em Sines recebe aprovação ambiental (com áudio)
Biocombustíveis
Este projeto vai contar contar com um investimento de “cerca de 400 milhões de euros”, sendo o maior impulsionador dos gastos da empresa nesta reviravolta de negócio.
Numa joint-venture com a Mitsui, as duas empresas vão “produzir e comercializar biocombustíveis avançados numa unidade adjacente à refinaria de Sines, com capacidade para 270 mil toneladas por ano”.
“A unidade produzirá diesel renovável (hydrotreated vegetable oil – HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais, comparativamente às alternativas fósseis disponíveis”, indica a empresa.
“A fábrica utilizará a tecnologia da Axens e o consórcio Technip Energies/Technoedif Engenharia foi selecionado como o principal prestador de serviços de Engenharia, Procurement e Construction Management (EPCM)”, lê-se no comunicado.
A joint-venture vai combinar as sinergias das duas empresas, ainda que a Galp seja a operadora da unidade industrial.
Hidrogénio Verde
Este segmento, que ainda é fracamente explorado em Portugal, vai somar um investimento de 250 milhões de euros, acima dos 217 milhões inicialmente estimados.
A unidade de hidrogénio verde vai contar “com a capacidade de 100 MW de eletrolise que produzirá até 15 mil toneladas de hidrogénio renovável por ano”. “A integração deste projeto de larga escala nas operações da refinaria de Sines permitirá a substituição de cerca de 20% do consumo atual de hidrogénio cinzento e poderá representar uma redução das emissões de gases com efeito estufa de aproximadamente 110 mil toneladas por ano”, indica a empresa.
Estes eletrolisadores serão alimentados a eletricidade renovável, através de acordos de fornecimento de longo prazo, alavancados pela capacidade de geração renovável da Galp. Recorrendo a água industrial reciclada, estima-se que o consumo de água desta unidade represente menos de 3% do consumo médio anual da refinaria.
A construção do eletrolisador de membrana de troca de protões (PEM) foi atribuída à Plug Power. A Technip Energies será o principal fornecedor de serviços EPCM.
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