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Garantir vantagens políticas ou beneficiar a economia? Os efeitos de uma extensão para o Brexit

Análise do ING conclui que extensão do prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia por um período menor de tempo pode ter vantagens políticas e práticas de curto prazo, mas provavelmente seria mais prejudicial para a economia.
27 Fevereiro 2019, 07h50

Uma extensão do prazo para o Brexit entre dois a três meses será politicamente mais aceitável no Reino Unido, mas uma extensão de nove a 12 meses será mais realista para encontrar uma solução, o que diminuirá a incerteza e poderá refletir-se num crescimento a curto prazo, segundo um artigo publicado pelo ING.

No artigo “Delaying Brexit: What does it mean for the economy and markets”, publicado esta terça-feira, os economistas James Smith e Chris Turner, explicam os efeitos que poderá ter uma extensão do prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia, agendado para 29 de março.

“Uma extensão de um período menor de tempo pode ter vantagens políticas e práticas de curto prazo, mas provavelmente seria mais prejudicial para a economia e poderia facilmente amortizar um aumento da taxa do Banco de Inglaterra até muito mais tarde no ano ou mais”, referem.

De acordo com o estudo, uma extensão mais longa, poderia traduzir-se numa ligeira recuperação do crescimento económico a curto prazo, com um recuo da ameaça de um “não acordo”.

“Assumindo que um acordo não está em vigor antes de uma extensão começar, um atraso de 2 a 3 meses manteria vivo o risco de “não acordo”. Embora seja possível estender o período do Artigo 50 novamente, as empresas estarão cientes de que, cada vez que isso acontecer, o risco de a UE dizer “não” irá aumentar”, salienta. “Para as empresas, uma série de pequenas extensões também significa que teoricamente nunca estarão a mais de 3-4 meses de “não acordo”, o que exigirá cada vez mais investimentos”.

Por outro lado, uma extensão mais longa refletir-se-ia num maior alívio para as empresas, o que, segundo os analistas, poderia desbloquear algumas despesas de capital e contratação.

Efeitos estendem-se à política monetária

A política monetária britânica é também afetada pela duração de uma hipotética extensão do período de negociação para a saída do Reino Unido do projeto europeu. Segundo os analistas, se o período de extensão for mais curto, então um aumento da taxa poderá voltar a ser aplicado. Ainda que considerem que agosto poderá ser demasiado cedo, os economistas realçam que se “o crescimento dos salários continuar forte”, um aumento da taxa em novembro é possível.

No entanto, esta decisão poderá ser antecipada para o verão, no caso de uma extensão entre nove a 12 meses. O Banco de Inglaterra sinalizou que gostaria de apertar gradualmente a política monetária, mas estará dependente da recuperação da economia britânica no segundo trimestre.

“Se isso não acontecer, é igualmente possível que uma longa extensão ao Artigo 50 possa resultar numa pausa prolongada no Banco da Inglaterra”, acrescenta.

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