Ao cabo de três semanas já se percebeu que Rio não vai lá. Ela é a inenarrável Fraga, o irrequieto Malheiro e agora o confuso Feliciano. É verdade que qualquer destes casos não tem especial impacto na opinião dos eleitores, a maior parte dos quais está a justo título mais preocupada em saber se chegamos ou não à dobradinha na Eurovisão.

Aliás, quando comparados com as cativações do ministro Centeno, as reversões do ministro Rodrigues ou a gestão da seca pelo ministro Fernandes são simples “faits-divers”. Mas a verdade é que colocam as televisões a falar do acessório e a esquecer o essencial. E é por isso que, com tanta trapalhada, o recém-eleito chefe do PSD não tem tempo para fazer oposição.

Dava-lhe jeito saltar as eleições de 2019 e só aparecer em 2023. Pode é não chegar lá. Nem nós. E esse é o único problema. Que Rio se afogue no seu “banho de ética” é totalmente irrelevante. Que atrás de si leve essa fileira de aves de arribação que aportaram ao PSD, ganhamos todos. Agora o que não parece avisado é deixarmos em roda livre estes “maduros” que nos (des)governam por mais seis anos.

Rio decidiu deixar nas mãos do CDS a oposição ao Governo. E já se percebeu que o PS não tem um pingo de respeito por Assunção Cristas. A tal ponto o desprezo é grande que (coisa nunca vista) a delegação do PS ao Congresso do CDS deu-se ao luxo de insultar alegremente a líder do partido na sua própria casa. Gente educada! Para mais, o insulto assumiu proporções de acusação sem contradita. Nenhum dos jornalistas que escutavam a representante do PS, Ana Catarina Mendes, no pavilhão de Lamego se atreveu a balbuciar o que quer que fosse. E que insulto foi esse? O do costume, com a gravidade de ter sido proferido em casa e na festa do ofendido: que a senhora Cristas fez parte do governo que “mais empobreceu o país”.

A verdade, como todos sabemos, não é essa: a senhora Cristas ajudou a salvar o país (e os portugueses com ela) do empobrecimento (ou seja da bancarrota) para onde o partido da senhora Mendes o catrafilou. Mas isto é apenas um sinal da forma como nos próximos tempos se viverá politicamente: o insulto e a mentirola circularão em rédea livre. Com um PSD ausente e um CDS que não mete medo ao PS pode o Governo encomendar as faixas!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.