“Lamentamos que obras com os profundos impactes ambientais e sociais das barragens continuem a receber apoios ditos ‘verdes’. Sobretudo projetos como o SET”, lamentou a Ana Brazão, ativista do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) ao Jornal Económico (JE).
Em causa está o financiamento no valor de 400 milhões de euros que a Iberdrola obteve para a construção do Sistema Eletroprodutor do Tâmega.
Trata-se de um projeto que inclui a construção de três novas barragens e três centrais hidroelétricas com uma capacidade total de 1.158 megawatts (MW), o que pode representar um aumento de 6% na potência elétrica total de Portugal e que poderá fornecer energia renovável para 440 mil residências.
A operação foi assinada, esta quinta feira, pelo presidente da empresa espanhola, Ignacio Galán, e pelo presidente do ICO, José Carlos García de Quevedo, e procede o empréstimo anterior de 650 milhões de euros já cedido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) em 2018.
Ao JE, Brazão relembra o impacto ambiental que a construção destas infraestruturas pode causar, nomeadamente um dos últimos territórios em Portugal onde podem ser encontradas espécies ameaçadas como o Lobo Ibérico.
“Várias habitações em Fonte de Mouro têm sofrido danos nas casas desde o início das obras, devido ao uso de explosivos, danos pelos quais nem o subempreiteiro nem a Iberdrola assumiram ainda responsabilidade”, explica, acrescentando que as populações a jusante da futura barragem de Daivões – em Mondim de Basto, Celorico de Basto e Amarante – temem a redução drástica do caudal no rio Tâmega.
Por esse motivo, a GEOTA avançou com três queixas ao Banco Europeu de Investimento, com especial foco sobre “o desrespeito pelas populações que têm sido afetadas pelas obras e ainda as que serão afetadas se o projeto for concluído”.
“Obras como o SET jamais deveriam entrar no categoria de “verdes”, ainda para mais quando não são cumpridas condições elementares à correta mitigação de impactes negativos”, sublinha Ana Brazão.
Relembramos que a GEOTA manteve uma posição ativa na travagem da construção da barragem da EDP no Fridão, tendo chegado a apresentar uma ação em tribunal para esse fim.
Em abril, o Governo anunciou que a infraestrutura, que teve um investimento de 218 milhões de euros por parte da EDP, não vai ser construída e que a gigante energética não vai indemnizada.
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