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‘Geringonça’ espanhola? Iglesias sai de cena e PSOE está otimista num acordo

A investidura de Pedro Sánchez, líder do PSOE, o partido mais votado nas eleições de 28 de abril, começa a ser discutida na segunda-feira no parlamento espanhol. Sánchez precisa do apoio da aliança Unidas Podemos para uma maioria relativa.
  • Pedro Sanchéz, líder do PSOE e primeiro-ministro de Espanha
20 Julho 2019, 17h06

Um dia depois do líder da aliança Unidas Podemos, Pablo Iglesias, ter anunciado que renunciava a ser ministro num eventual governo de coligação liderado pelo socialista Pedro Sánchez, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) fez saber que está otimista quanto à perspetiva de formar um acordo político para assegurar a investidura de Sánchez como presidente do governo espanhol.

“Estamos convencidos de que alcançaremos um acordo”, afirmou este sábado, 20 de julho, a vice-secretária-geral do PSOE e porta-voz da força política, citada pela Lusa. Os socialistas venceram as eleições legislativas de 28 de abril, mas como não alcançaram uma maioria absoluta viram-se como indispensável o apoio do Podemos de Iglesias. As negociações foram encetadas e ainda continuam, mas a exigência de Pablo Iglesias em integrar um futuro governo de Sánchez estava a atrasar qualquer perspetiva de acordo.

O PSOE dispõe apenas de 123 dos 350 assentos que compõem a Câmara dos Deputados. Como tal, o partido de Sánchez precisa do apoio dos 42 deputados do Podemos e dos representantes de vários partidos regionalistas (que se aliaram ao Podemos na aliança Unidas Podemos) para ser reconduzido.

Em causa estará uma versão espanhola da ‘Geringonça’ materializada em Portugal (governo PS foi viabilizado pelo BE e PCP), como solução política e de governo para Espanha.

As negociações entre o PSOE e a aliança Unidas Podemos estavam a encontrar obstáculos, mas com a renúncia de Iglesias a um possível cargo ministerial abre caminho a uma geringonça no governo espanhol.

O Podemos quer fazer parte do executivo do PSOE e o sacrifício do líder Pablo Iglesias é visto como o derradeiro compromisso do movimento, abrindo porta a que sejam satisfeitas todas as restantes reivindicações.

Pablo Iglésias, numa mensagem divulgada nas redes sociais, diz retirar-se porque o PSOE considerava-o o “único obstáculo” a “um governo de coligação de esquerdas que assuma que os direitos sociais têm de ser o centro político da governação”.

O líder do Podemos não quer “ser a desculpa” para que tal não aconteça. A mensagem de Iglésias surgiu um dia depois de Pedro Sánchez ter rejeitado a possibilidade do líder do Podemos integrar o um futuro governo do PSOE por causa de “divergências muito importantes” em várias matérias, nomeadamente sobre a Catalunha.

A aliança Unidas Podemos quer ter uma representatividade proporcional ao número de votos. A confirmar-se, teria 5 ministérios no universo de 17 atualmente existentes.

O Pedro Sánchez disse que não aceitaria imposições sobre a composição do governo, mas a saída de cena de Iglesias inaugura uma nova realidade a enfrentar pelos socialistas espanhóis.

O parlamento espanhol começa na segunda-feira, 22 de julho, a discutir a investidura de Pedro Sáchez, estando previstas duas votações.

A primeira votação está prevista para o dia seguinte, terça-feira, mas requer uma maioria absoluta, feito que, em princípio, Pedro Sánchez não alcançará. Por isso, se conseguir o apoio da aliança Unidas Podemos, Sánchez conseguirá uma maioria relativa, que será suficiente para ultrapassar uma segunda votação prevista para quinta-feira, 25 de julho.

“Ainda restam 48 horas antes do início do debate inaugural. Precisamos de conversar sobre muitos assuntos”, incluindo sobre o programa do executivo e sobre a “participação” do Podemos no Governo, referiu Adriana Lastra, a “número dois” do PSOE.

Lastra garantiu ainda de que tudo será feito para que Espanha tenha “na próxima semana um governo totalmente operacional”.

Se Pedro Sánchez não conseguir ser eleito, Espanha vê-se confrontada com um cenário de eleições gerais antecipadas.

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