O mundo está atualmente em transição de volátil, incerto, complexo e ambíguo (VUCA – volatile, uncertain, complex, and ambiguous) para frágil, ansioso, não-linear e incompreensível (BANI – brittle, anxious, non-linear, and incomprehensible). Quem é o diz é Jamais Cascio, um antropólogo, historiador, cientista político e futurista norte-americano. Fenómenos disruptivos tais como hostilidade multipolar, taxas de juro negativas, pandemias globais, inteligência artificial generativa e ebulição ambiental são apenas exemplos dessa transição ao nível macro.
Ao nível meso, a transição BANI fragmenta, repatria e interrompe cadeias de valor globais. Ao nível micro, requer externalidades de rede para além das economias de escala, dando origem a megaempresas e a unicórnios que, por seu turno, desafiam modelos tradicionais de empresa multinacional.
Ao nível grupal, a transição BANI implica novas formas de colaboração tais como equipas globais, diversas e virtuais, assim como trabalho remoto em equilíbrio familiar. Neste novo normal, cabe ao executivo internacional adotar uma postura de investimento modular em competências de longo-prazo tais como design thinking, agile engineering, lean business modelling e corporate foresight.
É provável que o executivo internacional esteja inscrito num MBA porque este diploma detém uma quota de mercado superior a 25% no conjunto de todos os diplomas universitários. Também é provável que o executivo internacional tenha um perfil bastante específico. Poderá ser gestor de topo de uma empresa multinacional ou de uma empresa exportadora. Noutras geografias da empresa multinacional, poderá ser gestor de uma região ou país, ou ainda de uma subsidiária estrangeira. Noutros níveis hierárquicos, poderá ser gestor de uma divisão de negócio ou de um departamento funcional internacional.
Num mundo hipercompetitivo, ávido de rankings de universidades, empresas e países, também convém recordar a dificuldade crescente em reter capital humano. Talento multigeracional que agora permanece na mesma organização pouco mais de quatro anos nos Estados Unidos, oito anos no Reino Unido, onze anos na Alemanha e doze anos no Japão.
Impõe-se, por isso, que a Europa saiba formar, desenvolver e reter executivos internacionais que salvaguardem e ampliem o seu legado cultural e económico no mundo. É com este desígnio que a Católica Porto Business School lançou recentemente uma iniciativa pedagógica inovadora: a semana intensiva ‘Leading Global Businesses’, aberta a executivos internacionais de todo o mundo. A primeira edição promete ser memorável quer pela qualidade do corpo docente, quer pela diversidade de atividades e empresas envolvidas. É caso para dizer que Portugal poderá, mais uma vez, dar novos mundos ao mundo, agora no domínio da educação.