Depois de mais de sete anos a promover as funções de risco, a pesquisa deste ano mostra que os Bancos enfrentam atualmente um novo conjunto de desafios.

Três fases de transformação da gestão de riscos

Restaurar

A primeira fase focada no cumprimento da agenda regulatória global é o restabelecimento da confiança no setor bancário. Inicialmente, a agenda era de natureza prudencial, mas cada vez mais conduzia a um aumento exponencial de regulamentação. Os Bancos fizeram melhorias táticas nos quadros existentes e começaram a redesenhar a arquitetura geral da gestão de riscos, nomeadamente através da implementação de uma abordagem de risco de três linhas de defesa. O objetivo era melhorar a eficácia dos riscos e dos controlos, não necessariamente de forma económica. A solução go-to foi aumentar o número de funcionários, o que poderia ser feito de forma relativamente rápida.

Os Bancos fortaleceram os seus balanços ao aumentar o capital e ajustaram os seus modelos de financiamento para ampliar as fontes de liquidez. As mudanças estratégicas – nomeadamente a redução ou o encerramento de linhas de negócios e o desinvestimento em certos mercados – foram forçados pelos elevados custos de capital, liquidez e conformidade. Consequentemente, num ambiente macroeconómico impulsionado pela austeridade e pela política monetária de baixa ou mesmo taxa negativa em alguns dos Bancos Centrais de referência, os modelos de negócios dos Bancos foram (e ainda permanecem) sob pressão. As metas de retorno sobre o capital (ROE) (em melhores momentos, 25% ou mais) foram substancialmente revistas para baixo, o que os acionistas tiveram que aceitar.

Recapitalizar

O reforço dos capitais próprios é fundamental para dar conforto numa perspetiva de continuidade de negócio, para as instituições, clientes e para o mercado em geral.

Racionalizar

A segunda e atual fase da jornada de gestão de riscos concentra-se na migração para um ambiente e conformidade digital. A regulamentação e a supervisão continuam a ser importantes, uma vez que as regras pós-crise levarão anos a implementar plenamente e podem tornar-se mais difíceis, especialmente se a fragmentação na agenda regulatória global aumentar. Os bancos estão mais focados no custo da gestão de riscos, sobretudo através da simplificação de estruturas ou processos organizacionais ou jurídicos.

Reinventar

A próxima fase, que começará com seriedade nos próximos anos, exige uma reinvenção da gestão de riscos. A tecnologia e os serviços bancários tradicionais mudarão fundamentalmente a forma como os bancos operam e lhes permitem entregar de forma transparente e económica sua promessa digital aos clientes.

As funções de gestão de risco terão de se transformar e passar de espectadores de transformação digital para facilitadores e drivers. Os bancos terão de repensar quais os riscos a gerir e de que forma, e quais os novos tipos de talento que serão necessários. Os reguladores e as Administrações vão exigir evidências fortes de que a gestão e os controles dos riscos permaneçam robustos, especialmente nos casos em que tenha havido foco na contenção de custos. Afinal, eles vão querer saber que o gerenciamento de riscos é mais rápido e inteligente, e não simplesmente mais barato.

 

Fonte: Eighth annual global EY/IIF bank risk management survey | Restore, rationalize and reinvent

A fundamental shift in the way banks manage risk