A GfK Portugal fez uma análise à evolução do mercado de Bens Tecnológicos de Consumo (BTC), na Indústria e no Retalho, na sua 29.ª Conferência, com o tema “Evolução Tecnológica: Insights e Prioridades”, e identificou quais são os principais desafios e oportunidades que vão definir o futuro do setor tecnológico. A previsão da GfK aponta no sentido do crescimento, em 2025, na ordem dos 3%, o que representaria um máximo no território nacional.
“Após um ano marcado por altos e baixos, com dinâmicas de mercado divergentes, o aumento de políticas protecionistas e um clima de volatilidade geopolítica, a Inteligência Artificial (IA) destaca-se como uma das principais tendências do setor, criando novas funcionalidades nos equipamentos tecnológicos e revitalizando áreas de negócio totalmente automatizadas. Os padrões de consumo adaptam-se e os consumidores começam a priorizar outros atributos, refletindo novas necessidades e exigências que caracterizam uma indústria em constante evolução e inovação”, refere a GfK.
Em 2024, o mercado de Bens Tecnológicos de Consumo (BTC) regressou ao crescimento, “atingindo a previsão feita no ano anterior, e recupera os valores de faturação, muito devido ao segmento das Telecomunicações (Telecom), que representa mais de 40% do mercado em valor”, salienta a GfK.
“A Inteligência Artificial (IA) revela-se uma tendência emergente, que potencia a inovação e que se estende a diversas áreas de negócio. A par desta conclusão, o estudo indica que 44% dos smartphones vendidos no final de 2024 estavam equipados com os mais recentes processadores NPU, especificamente designados para acelerar tarefas relacionadas com IA, existindo a perspetiva de que este valor aumente e alcance os 85% no final de 2025”, diz a GfK.
O estudo permitiu ainda identificar “um forte ressurgimento” de produtos Smart Home, “liderado pelo principal setor de eletrodomésticos, o que reflete a incorporação dos sistemas de IA nos aspetos da vida profissional e pessoal dos consumidores, ampliando os benefícios de conveniência e de eficiência de uma casa automatizada”.
O mesmo estudo aponta também para uma “redução do ceticismo dos consumidores em relação à sustentabilidade, sendo esta uma das atuais prioridades no mercado de Bens Tecnológicos de Consumo”.
Relativamente a 2025, a GfK prevê a “permanência de um crescimento económico moderado, acompanhado pelo aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos da América e dos subsídios emitidos pela China”, e adianta que o foco da indústria “vai transitar para os setores digitais, nomeadamente para os produtos de informática e office, que se estima que sejam os grandes impulsionadores do crescimento global do mercado, na ordem dos 2%”.
O estudo refere também que a substituição dos aparelhos eletrónicos tornou-se um “fator crescente” na motivação de compra dos utilizadores, “com os Telemóveis a serem substituídos após 3,7 anos de utilização, os Tablets, depois de 4,4 anos, e os Portáteis a cada 5,5 anos”.
Já na distribuição foi registada uma “recuperação significativa” face aos últimos dois anos, “com o maior número de vendas e de produtos disponibilizados no mercado”. No que diz respeito a Portugal, o cenário foi semelhante, “com um crescimento transversal a todas as áreas de negócio, ao contrário do que se verificou” em 2023, indicou o estudo.
“A aquisição de eletrónica de consumo e fotografia também se apresenta bastante estável, com um crescimento no mercado português de 5%, muito influenciado pelo canal de vendas online. O pico de vendas anual mantém-se em novembro, devido a campanhas promocionais como a Black Friday”, sublinhou o estudo.
Em Portugal, as categorias relacionadas com o ar livre “continuaram a verificar os maiores crescimentos, acompanhando as categorias mais tradicionais, como a Televisão (+7%) e as Colunas de Som (+5%)”. Os dados mostram ainda a “forte recuperação da TV em 2024, com o 3.º melhor valor registado” nos últimos dez anos.
“A transmissão televisiva de grandes eventos futebolísticos, como o Euro ou a Copa América, pode ter contribuído para o aumento de vendas deste segmento. Globalmente, o cenário repete-se, ainda que de forma menos acelerada, com um crescimento inferior a 1% em valor”, diz a GfK.
“O preço e o tamanho dos ecrãs mantêm-se dois dos principais drivers de aquisição de televisões, com os modelos abaixo dos mil euros e acima das 60 polegadas a melhor se adequarem às necessidades dos consumidores. A qualidade do ecrã também é determinante na seleção de compra, com o Mini-LED a sobressair no panorama internacional e o QLED e o QDot a revitalizarem o mercado em Portugal. Após dois anos de resultados negativos, a área de informática recuperou em quase todos os segmentos, salvo os consumíveis, crescendo em valor 5% em relação a 2023. O canal de compra online manteve-se a preferência dos consumidores, disparando as vendas de IT Hardware. No último trimestre de 2024, Portugal apresentou os melhores resultados desta área de negócio, um reflexo de uma evolução muito significativa, superior a 15%, face aos restantes mercados”, salienta o estudo.
Já no segmento de Telecom houve “um novo recorde de vendas e de faturação, com um crescimento da gama premium e uma maior preferência pelos lançamentos recentes”. O segmento de aparelhos recondicionados “também segue a trajetória de crescimento, com alguns dos mercados europeus a estimarem que o valor desta área de negócio possa alcançar os 146.000 milhões de euros em 2030, o equivalente a um crescimento médio anual na ordem dos 11%”.
O estudo diz ainda que a taxa de crescimento de vendas de pequenos eletrodomésticos em Portugal (+8%) “foi superior” aos restantes mercados analisados (+3%). “O Cuidado Pessoal foi o único segmento a não registar qualquer aumento a nível global. A nível nacional, todos os segmentos cresceram”, indicou a GfK.
“Na categoria de cozinha, as máquinas de café continuaram a ser um dos produtos mais relevantes em 2024, representando 30% do valor da categoria. Mas, apesar da boa prestação das máquinas de café, a categoria cozinha ressentiu-se, contrariando o forte crescimento registado no período de pandemia. Os produtos como a Air Fryer deixaram de ter tanta procura, verificando um abrandamento de vendas. Em conforto doméstico e climatização, os aspiradores mantêm-se como um driver de consumo, sendo o equipamento que mais contribui para o crescimento da área de negócio global”, sublinhou o mesmo estudo.
Já nos segmentos dos grandes eletrodomésticos, ao nível global, existiu “uma tendência de crescimento que vem contrariar os valores menos positivos” de 2023. “Portugal acompanhou a trajetória e registou uma performance superior neste segmento (de dois para seis pontos percentuais). Após as quebras registadas nos últimos dois anos, os aparelhos por encastre também revelaram algumas melhorias, com uma evolução moderada no mercado global e nacional”, diz o estudo.
“A nível nacional, identificou-se uma diferença significativa entre o número de unidades vendidas de eletrodomésticos (+6%) e o valor dos mesmos (+3%), evidenciando novos padrões de consumo, como uma menor intenção de upgrade por parte dos consumidores”, adiantou a GfK.
“Em 2024, as campanhas promocionais alcançaram um novo recorde no mês de novembro, com cortes de preço ligeiramente acima dos que se registaram no ano anterior, na ordem dos 9%. A nível internacional, as campanhas promocionais representaram 31% das vendas dos grandes eletrodomésticos e 37% dos pequenos eletrodomésticos no último ano, valores que refletem um aumento notável, face ao ano de 2019, não só a nível do preço, como da duração do próprio período, que equivaleu a 15 semanas durante todo o ano. Estima-se que se estabeleçam novas dinâmicas promocionais, com um abrandamento da tendência de redução de preço. O futuro do mercado é marcado pela inovação, com a expansão das funcionalidades smart a diversos produtos eletrónicos, de modo a potenciar as suas capacidades de utilização. Espera-se que o grande e o pequeno eletrodoméstico mantenham uma trajetória de crescimento nacional em 2025, na ordem dos 3% e 7%, respetivamente”, considerou o estudo.
O mesmo estudo diz ainda que os Bens Tecnológicos de Consumo “mantiveram uma trajetória de crescimento moderada (+1,4%), superada a nível nacional pelo aumento de 3,8 pontos percentuais e receitas na ordem dos 3,6 mil milhões de euros”, sendo que a evolução foi “transversal” a todas as áreas de negócio, destacando-se o segmento dos pequenos eletrodomésticos.
“A nível global, a venda de aparelhos eletrónicos online, nomeadamente de informática ou de pequenos eletrodomésticos, verificou um novo recorde, representando 36% da faturação total, superando, em alguns casos, mais de metade destes valores. Esta tendência apenas é contrariada pelos grandes eletrodomésticos, onde o ponto de venda online tem vindo a perder força desde 2021. Ainda assim, em Portugal, a presença neste canal continua a ser bastante inferior ao que se regista na Europa (de 41%), no entanto, com indícios claros de melhoria, notáveis nos resultados de 2024, com 22% das vendas tecnológicas a decorrerem neste ponto de venda”, diz a GfK.
Já nas tendências mensais em lojas físicas, existiram “altos e baixos, com meses como outubro, com mais 5% de vendas, seguindo-se novembro, um mês particularmente importante devido à Black Friday, com 7%, mas com uma quebra em dezembro, com um desempenho de vendas negativo (-1%)”.
O estudo refere que a concentração de vendas totais do ano em alturas promocionais mais fortes “representa 37% das vendas totais do mercado de Bens Tecnológicos de Consumo, quer em Portugal como na Europa”.
A GfK diz ainda que o ecossistema retalhista “está em constante mudança, apostando cada vez mais na vertente da experiência, proporcionando uma oferta única diferenciada tanto ao nível dos aparelhos tecnológicos como do formato de loja”.
No entender da GfK, “é fundamental criar uma autonomia do fator preço, criando um equilíbrio entre os períodos promocionais e as experiências de venda criadas, de modo a manter a viabilidade e o desenvolvimento do negócio”.
Este estudo da GfK defende também que a “sustentabilidade ganha também um destaque predominante”, sendo um atributo “cada vez mais valorizado pelos consumidores no ato de compra, mas que também influencia o Retalho através da criação de novas políticas governamentais nesse domínio”.
O estudo conclui que 2025 será um ano recorde em termos de faturação nacional, com um crescimento de 3% face a 2024.
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