O Goldman Sachs tem uma recomendação “neutra” para a compra de ações do Millennium bcp por causa do aumento do custo do risco e de uma perspectiva de enfraquecimento das rubricas da conta resultados, e estima um resultado líquido por ação negativo em 2020, o que significa que espera que o banco liderado por Miguel Maya feche o ano com prejuízos.
Numa nota de research à qual o Jornal Económico teve acesso, sobre o impacto do novo coronavírus na banca europeia, o Goldman Sachs antecipou uma forte quebra dos lucros de 56 bancos europeus nos próximos três anos, e reviu assim em baixa as estimativas do resultado por ação do BCP em 57% em 2021 e cerca de 10% nos anos subsequentes. A nota foi publicada na sequência da revisão macro-económica dos economistas do Goldman Sachs, numa altura em que se perspectiva uma recessão económica global por causa da pandemia da Covid-19 .
Em 2019, o BCP fechou o ano com lucros de cerca de 302 milhões de euros.
“Reduzimos o rácio mínimo de CET1 do BCP em 100 pontos base, o que reflete uma série de fatores, incluindo o anúncio das recentes políticas anunciadas”, adianta o banco norte-americano.
Além disso, o banco norte-americano agravou em 100 pontos base a estimativa do rácio de cost of equity capital (custo do capital) para 13% devido às incertezas nas exposições do banco ao mercado africano e também devido ao risco inerente dos processos judiciais que correm na Polónia contra a conversão de créditos concedidos em francos suíços em zlotys, que é a moeda polaca.
O Goldman Sachs diz que o rácio que mede a criação de valor para os acionistas, que divide o ROTE (Return-on-Tangible Equity) pelo custo do capital, nos próximos doze meses, leva a reduzir o preço-alvo das ações do BCP de 0,26 euros por ação para 0,20 euros.
“Os elementos-chave da nossa visão de investimento, estimativas e preço-alvo incluem as alterações na postura regulatória do Mecanismo Único de Supervisão no que se refere à dimensão da carteira de NPE e à sua cobertura, e também a deterioração, acima do esperado, das tendências em Portugal, Angola, Polónia e Moçambique”, que são mercados onde o BCP opera.
No atual contexto adverso, o Goldman Sachs, que analisou 56 bancos europeus, perspectiva um corte de 120 mil milhões de euros nos lucros da banca entre 2020 e 2023. Assim, o banco norte-americano estima que este conjunto de bancos europeus veja os lucros reduzirem-se em 55 mil milhões este ano, 38 mil milhões no ano seguinte, 15 mil milhões em 2022 e 14 mil milhões em 2023.
Em 2020, os analistas do Goldman Sachs estimam que a rentabilidade dos ativos tangíveis dos bancos europeus se situe próxima dos 3%, devendo, no entanto, aumentar, entre 6% e 9% entre 2021 e 2023.
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