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“Governo vem decretar uma requisição civil que não se justifica a não ser numa ditadura”, diz Pardal Henriques

Porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) frisa que esta medida do Executivo “não vem tirar força à greve” e que os motoristas não têm nada a perder já que estão a trabalhar e a ser remunerados no fim do mês.
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    António Pedro Santos / Lusa
13 Agosto 2019, 11h07

Pardal Henriques voltou a criticar a requisição civil imposta pelo Governo face à greve dos motoristas de matérias perigosas, referindo que esta “não se justifica em lado nenhum a não ser numa ditadura”. Em declarações à imprensa esta terça-feira, o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) frisa que esta medida do Executivo “não vem tirar força à greve”.

“Esta requisição civil por muito que seja estratégia do Governo mostrar uma força e poder para os portugueses, até porque calha bem por estarmos numa altura pré-eleitoral. Parece que vem mostrar a força do PS ou do Governo a tentar bloquear o direito à greve, de dizer os motoristas só fazem greve como e quando nós quisermos”, salientando que o Executivo “decretou uma requisição civil sem qualquer justificação para o fazer, mas esquece-se que com esta requisição civil ou com estes serviços mínimos, estas pessoas vão estar a fazer greve e a ser remuneradas”.

Pardal Henriques realça que os motoristas “estão a fazer greve, estão a trabalhar e a ser remunerados no final do mês e isto pode durar dez anos se for preciso”. Sobre o facto dos camiões estarem a ser conduzidos por forças militares, o porta-voz do SNMMP chama a atenção dos portugueses.

“Gostava que os portugueses questionassem quanto é que isto custa, e se este valor que está aqui a ser gasto não é o suficiente para pagar os aumentos salariais que estas pessoas estão a reinvidicar”, refere. Sobre a possível contratação de mais pessoas Pardal Henriques afirma que “se exigem que estas pessoas trabalhem 14h, 15h e 18h por dia e não lhes querem pagar mais do que 630 euros de salário e o que pagam é por baixo da mesa para não terem de pagar impostos e lhes roubar direitos, não é necessário contratar mais pessoas, desde que se escravize estas que aqui estão. Quando os escravos dizem, eu já não quero ser mais escravo e quero levantar-me e trabalhar oito horas porque tenho direito a estar com a minha família, tenho direito a descansar, então vê-se que afinal não era suficiente”.

Questionado sobre se pondera desconvocar a greve por esta não estar a ter o impacto esperado, o porta-voz da SNMMP salienta que “os impactos estão a ser menos reduzidos, mas já vimos ontem que bastou um dia de greve para ficarem 600 postos sem abastecimento e ser uma loucura no aeroporto. Hoje, temo que se mantivermos estas oito horas de trabalho vai ser pior, porque o que já estava ontem vai agravar-se e assim sucessivamente. Estas pessoas não têm nada a perder”.

Pardal Henriques continua a defender que os motoristas estão a trabalhar com uma ‘pistola apontada à cabeça’. “Se os ministros vêm dizer que os trabalhadores têm de trabalhar se não são presos durante dois anos… eles ontem trabalharam, cumpriram os serviços mínimos e o Governo vem decretar uma requisição civil que não se justifica a não ser numa ditadura. As pessoas vão trabalhar escoltadas pelos militares a verificarem tudo o que fazem.

O porta-voz diz que esta greve só irá terminar “quando a ANTRAM tiver a decência de dizer já chega desta greve, vamos sentar-nos para resolver o problema destas pessoas”, assumindo que não pensa demitir-se das suas funções. “Temos pena vão ter de levar comigo enquanto estas pessoas quiserem que eu as represente”.

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