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Grandes petrolíferas gastaram 250 milhões para fazer ‘lobby’ junto da União Europeia

As empresas BP, Chevron, ExxonMobil, Shell e Total e mais algumas organizações do setor das energias fósseis tiveram, pelo menos, mais de uma reunião por semana com responsáveis comunitários desde 2014.
24 Outubro 2019, 12h46

As cinco maiores empresas de petróleo e gas, e os seus grupos industriais, gastaram mais de 250 milhões de euros, desde 2010, em ações de lobby junto da União Europeia (UE), denunicaram organizações não governamentais (ONGs) de defesa do meio ambiente.

As empresas BP, Chevron, ExxonMobil, Shell e Total e mais algumas organizações do setor das energias fósseis tiveram, pelo menos, 327 reuniões com responsáveis da Comissão Europeia desde que Jean-Claude Juncker assumiu a presidência da instituição em 2014, ou seja, mais de uma por semana, informa o The Guardian, esta quinta-feira.

O estudo conduzido pela coligação de organizações ambientais formada pela Corporate Europe Observatory, Food and Water Europe, Friends of the Earth Europe e Greenpeace UE, concluiu que estas cinco gigantes registaram gastos na ordem dos 123 milhões de euros entre 2010 e 2018, enquanto que 13 grupos industriais gastaram mais 128 milhões de euros no mesmo período. As conclusões foram baseadas numa compilação das declarações das empresas e no “registo de transparência” que recolhe as intervenções dos grupos de interesse de pressão diante das instituições europeias.

Os investigadores argumentam que estes valores são a “a ponta do iceberg”, já que em alguns anos as empresas não fizeram as declarações dos seus gastos.

“Isto revela uma atitude crónica da indústria de energias fósseis, que faz de tudo para atrasar, debilitar ou entorpecer as ações, que são tão necessárias e a favor do clima”, comentou à agência AFP Pascoe Sabido, do Corporate Europe Observatory.

Em geral, considera-se que a UE esteja na vanguarda da ação climática, mas alguns ambientalistas afirmam estarem preocupados  que alguns dos Estados-membros não fazem o suficiente, sobretudo para limitar o uso das energias fósseis e, assim, alcançar o objetivo do Acordo de Paris: limitar a subida de temperatura a “muito menos de 2ºC” em relação à era pré-industrial.

As grandes empresas reagiram ao estudo: um porta-voz da Total declarou à AFP que os valores publicados no estudo “não refletem absolutamente” os gastos do grupo com lobby. A ExxonMobil garantiu que a empresa age “completamente de acordo com as exigências do registo de transparência da UE”. Já uma porta-voz da Shell “negou firmemente” o relato das ONGs e garantiu que “fomos perfeitamente claros no nosso apoio ao Acordo de Paris”.

A BP e a Chevron não prestaram declarações sobre o assunto.

O relatório chega depois de o The Guardian ter publicado uma lista das 20 empresas de petróleo e gás – incluindo BP, Shell, Chevron, ExxonMobil e Total – que podem estar diretamente ligadas a um terço das emissões de gases de efeito estufa desde 1965. As empresas – que incluem multinacionais e empresas estatais – continuam a expandir as suas operações e a impulsionar a emergência climática, apesar de saberem o impacto devastador que estas industrias têm para o planeta.

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