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Grão a grão Wall Street não enche o papo

Para o mercado se manter neste nível é porque os investidores esperam que ocorra uma recuperação nos lucros das empresas nos próximos meses.
15 Novembro 2019, 12h11

Diz o ditado que grão a grão a galinha enche o papo, mas tal não tem sido uma realidade nos índices norte-americanos nesta última semana. É certo que todos atingiram novos máximos históricos mas a amplitude dos movimentos tem sido tão reduzida no S&P500, desde sexta-feira passada, que entre os máximos e os mínimos o principal índice accionista mundial não chegou sequer a variar 1%, é um marasmo absoluto com o sentimento claramente preso num nível em que nem existe interesse para mais compras, nem vontade para uma correcção digna desse nome, atingiu-se portanto um limbo.

A falta credibilidade nas notícias sobre a guerra comercial, a descrença visível sobre a possibilidade de um acordo parcial para breve, mas sem nunca atirar a toalha ao chão, os dados económicos tendencialmente negativos que são contrabalançados pela recente investida “dovish” por parte da Fed, que retirou algum receio de cima da mesa, colocaram Wall Street numa zona onde qualquer previsão é uma lotaria, podendo apenas adiantar-se causas para um movimento ascendente ou descendente nos próximas semanas, já de si um tempo especial devido ao habitual arranjo dos investimentos por parte dos grandes fundos no final do ano.

Em relação aos números mais relevantes para o mercado, os resultados das empresas, os dados são claros, é esperado uma contracção de -2,4% nos lucros das empresas do S&P500 de 2018 para 2019 no recente trimestre, o que marcará o terceiro trimestre consecutivo de queda e a primeira vez que tal acontece desde o início de 2016.

A questão é que apesar do vermelho nas contas das empresas o índice valorizou este ano mais de 23%, quase 400 pontos até Maio e apenas 150 de lá para cá, o que é amplamente justificado pela diminuição da intensidade da recompra de acções próprias por parte das empresas, que tiveram um papel fulcral para a subida até aos primeiros quatro meses do ano.

Para o mercado se manter neste nível é porque os investidores esperam que ocorra uma recuperação nos lucros das empresas nos próximos meses, veremos se tal se irá ou não verificar, se os cortes nos juros vão dar o impulso que a economia norte-americana precisava para compensar as perdas derivadas da guerra comercial, sendo que do outro lado do Atlântico a situação está ainda mais periclitante com o motor da zona euro, a Alemanha, a registar um mísero crescimento de 0,1% no PIB do terceiro trimestre, ou seja a escapar por muito pouca a uma recessão.

De realçar o bom comportamento na sessão de quinta-feira dos activos refúgio, não apenas no mercado accionista, onde as imobiliárias obtiveram a maior subida do dia com um ganho de 0,84%, mas também no mercado cambial, com o iene a valorizar 0,4% para os 108.38, procura por segurança que se estendeu às matérias-primas, com o ouro a conseguir amealhar 0.6% de ganho para os 1,472 por onça.

O gráfico de hoje é da CSCO, o time-frame é diário.

 

 

Os títulos da Cisco tiveram ontem um dia de perdas após a empresa ter reportado uma redução na procura pelos seus produtos, o que poderá empurrar a cotação a testar os mínimos do inicio do ano, que estão na linha laranja.

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