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“Gripezinha ou resfriadinho”. Imprensa brasileira relembra declarações de Bolsonaro sobre a Covid-19

Presidente sempre desvalorizou doença, comparando-a a uma “gripezinha” ou “resfriadinho” e promovendo o uso de hidroxicloroquina, que afirma já ter tomado. Reações das redes sociais também merecem destaque na imprensa.
7 Julho 2020, 20h34

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou esta terça-feira, 7 de junho, ter testado positivo para a covid-19. A confirmação surge depois de, esta manhã, o presidente se ter submetido a testes à doença, no seguimento de sintomas como febre, cansaço e dores musculares. A notícia está a ter eco em diversos órgãos de comunicação social no Brasil, depois da declaração do próprio em exclusivo à CNN Brasil, Record TV e TV Brasil.

Esta mesma publicação, bem como o Folha de S. Paulo ou o Estadão, reportam que Bolsonaro estará já a fazer um tratamento com hidroxicloroquina, medicamento cujo efeito no tratamento da doença não está comprovado, mas cuja utilização tem sido repetidamente aconselhada pelo antigo Capitão das Forças Armadas brasileiras. O Folha, aliás, destaca a repetida “propaganda” do presidente ao fármaco, ao qual aponta uma “chance de sucesso de quase 100%” para quem a toma em fases iniciais da doença. O jornal paulista relembra que mesmo os EUA interromperam o uso desta medicação.

Bolsonaro, no anúncio do seu teste positivo, recordou que o isolamento foi feito para retardar a propagação do vírus e permitir que os hospitais lidassem com a pandemia sem uma rutura dos serviços, justificando assim algumas das intervenções que teve durante os últimos meses a desvalorizar a seriedade da doença. Estas mesmas intervenções foram agora recapituladas pelos principais meios de comunicação social, num perfil da abordagem do Presidente à doença. Para a história ficam declarações como a comparação a “uma gripezinha”, dado o seu “histórico de atleta”, ou “não sou coveiro”, ao comentar os números das mortes no país. Também a resposta das redes sociais tem sido ecoada na comunicação social, com #ForçaBolsonaro e #ForçaCorona a serem dos tópicos mais falados no Twitter.

Além da Globo, Folha de São Paulo ou Record, publicações como a Gazeta do Povo, Estadão ou o El País Brasil estão a reportar a notícia, lembrando os contactos que Bolsonaro manteve com multidões e outros membros do Governo nos últimos dias. O presidente participou em várias acções junto dos seus apoiantes, frequentemente em multidões onde parecia difícil manter as regras de distanciamento social ou de uso de máscara (uso esse que o próprio vetou como obrigatório). Também pelo menos cinco outros ministros do executivo brasileiro serão agora submetidos a testes à covid-19, depois de terem estado reunidos com Bolsonaro nos últimos dias, bem como o Embaixador americano no Brasil.

Bolsonaro tem 65 anos, sendo por isso considerado como pertencente a um grupo de risco pela Organização Mundial da Saúde. O Brasil registava, até ontem, 6 de junho, 1.623.055 casos confirmados e 65.487 mortes, sendo o segundo país com números mais elevados de infecção e de óbitos, apenas ultrapassado pelos EUA.

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