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Groundforce ‘rasga’ contratos com a TAP. Casimiro diz que punham em causa “sobrevivência” da empresa (com áudio)

O conselho de administração da Groundforce decidiu hoje anular os contratos celebrados com a TAP para a venda de ativos. “Esses contratos eram desequilibrados e punham em causa a sobrevivência da Groundforce e o empregos dos seus 2.400 trabalhadores”, disse hoje Alfredo Casimiro.
28 Abril 2021, 21h43

O conselho de administração da Groundforce decidiu hoje ‘rasgar’ o contrato de sale and lease back (venda e aluguer) que tinha com a TAP, segundo comunicado divulgado esta quarta-feira, 28 de abril.

“Esses contratos eram desequilibrados e punham em causa a sobrevivência da Groundforce e o empregos dos seus 2400 trabalhadores. Por essa razão, foram anulados”,disse em comunicado o presidente do conselho de administração, presidente executivo da empresa, e também o maior acionista da empresa, Alfredo Casimiro.

“Terminou há instantes a reunião do Conselho de Administração da Groundforce na qual, perante a opinião do Conselho Fiscal, dos auditores da Deloitte e de alguns juristas, se concluiu serem nulos os contratos de sale & leaseback e arrendamento, celebrados em 19 de março de 2021 entre a Groundforce e a TAP”, afirma o maior acionista sobre a reunião do CA que tinha tido início às 18h00.

A Groundforce decidiu dar um prazo de seis meses à TAP para “encontrar uma solução com vista a refazer os contratos de forma justa e equilibrada para ambas as partes, permitindo a continuidade e o futuro  da Groundforce”.

O maior acionista garante que os salários de maio já “estão assegurados” e espera-se que “nas próximas semanas” seja possível ter a “segurança necessária para garantir os de junho”.

Para o futuro, a Pasogal espera “manter e desenvolver uma relação saudável com a TAP, como aquela que existiu entre 2012 e 2019, acreditando estarem reunidas as condições para regressar à normalidade, assim se confirme o número de voos previstos pelo Eurocontrol e pela IATA e desde que interesses externos e a tutela da TAP não interfiram no normal funcionamento da empresa”.

A Groundforce é detida maioritariamente pela sociedade Pasogal (50,1%), propriedade do empresário Alfredo Casimiro. Os restantes 49,9% são detidos pelo grupo TAP, que por sua vez, é detido em 72,5% pelo Estado português. A TAP é também o maior cliente da Grounforce, sendo responsável por cerca de 70% das suas operações.

A empresa de gestão de passageiros, bagagem e carga nos aeroportos nacionais encaixou sete milhões de euros com esta venda, mas tinha de pagar mensalmente cerca de 460 mil euros à companhia aérea. Feitas as contas, em 15 meses a TAP recebia de volta os sete milhões de euros pagos à Groundforce, dinheiro que permitiu à empresa de handling ter fundos suficientes para pagar mais de dois meses de salário (parte de fevereiro que já estava em atraso, março e abril).

Este contrato previa, primeiro, a venda de ativos à TAP por sete milhões de euros; depois, a companhia aérea alugava de volta os equipamentos à Groundforce para esta poder continuar a operar.

Conforme revelou o Jornal Económico recentemente, três operadores já sinalizaram junto do Governo o seu interesse em comprar a participação de Alfredo Casimiro: os belgas da Aviapartner, a norte-americana WFS e os espanhóis da Atitlan.

A 21 de abril, o Banco Português de Fomento (BPF) decidiu não aprovar o empréstimo de 30 milhões de euros pedido pelo conselho de administração da Groundforce a ser pago em seis anos e com um período de carência de 18 meses.

O banco mostrou as suas “reservas quanto à viabilidade económica e financeira da empresa, bem como à sua capacidade de reembolsar a linha de crédito solicitada”.

O BPF apontou para a “ausência da aprovação e implementação” de um “plano de reestruturação profundo, que adeque a estrutura de custos à nova realidade de receitas, e à recuperação lenta esperada para o setor da aviação comercial”.

Num documento citado pela Lusa, o banco também destacou a falta de garantia da “disponibilidade financeira robusta dos acionistas para cobrirem os mais de 40M [milhões] de prejuízos previstos para 2020-2021, e desta forma estabilizarem a recapitalização do balanço da empresa em todo o horizonte temporal da operação”.

Na sua análise, o BPF referiu igualmente que as licenças emitidas pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para a Groundforce operar nos aeroportos nacionais terminam entre 2023 e 2025.

Neste último ano, 70% do empréstimo “ainda estará por liquidar, podendo a empresa deixar de ter condições para operar”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/banco-portugues-de-fomento-recusa-emprestimo-de-30-milhoes-a-groundforce-729382

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