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Groundforce. Trabalhadores vão hoje exigir a nacionalização a Costa e sentem-se “traídos” por acionista privado (com áudio)

“Agora, compreendemos muita coisa. Agora, percebemos porque tinha pedido o empréstimo em julho e não vinha. Percebemos porque queria dar como garantia os equipamentos da Groundforce: era a única coisa que tinha para dar”, disse Luísa Borba da CT da empresa de gestão de bagagens sobre o acionista privado. Trabalhadores da empresa vão hoje a São Bento e ao Palácio de Belém na quinta-feira.
  • Trabalhadores da Groundforce concentrados junto ao Ministério das Infraestruturas, em Lisboa, 05 de março de 2021. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
10 Março 2021, 08h15

Os trabalhadores da Groundforce vão esta quarta-feira manifestar-se em frente à residência oficial do primeiro-ministro para exigir a nacionalização da empresa de gestão de bagagem nos aeroportos nacionais. Perante a insolvência e a nacionalização, os trabalhadores preferem a última hipótese como forma de salvar postos de trabalhos.

Num momento em que os salários relativos a fevereiro continuam por pagar, os trabalhadores acreditam que a nacionalização é a melhor forma para impedir a insolvência da companhia.

“Consideramos que a única solução para segurar a empresa e salvaguardar os postos de trabalho é a nacionalização, sendo que só o primeiro-ministro poderá resolver a situação”, segundo um comunicado da comissão de trabalhadores (CT) da empresa.

Na reunião que tiveram com o ministro das Infraestruturas, na segunda-feira, em conjunto com os sindicatos, Pedro Nuno Santos transmitiu que a “nacionalização e a insolvência estão em cima da mesa”, segundo a CT.

“A nacionalização passa pelo crivo do primeiro-ministro. Já a insolvência é o processo mais rápido, mas aquele que é o menos lógico”, disse Luísa Borba da CT da Groundforce ao Jornal Económico (JE). Nesse sentido, a CT já pediu uma “audiência com carácter de urgência ao primeiro-ministro”.

“O ministro disse que a nacionalização estaria em aberto, dependente do estudo dos vários dossiers para perceber a linha que seria tomada”, afirmou a responsável, avançando que não foi avançada qualquer data para o próximo passo para a empresa.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português. Os salários de 2.400 trabalhadores da empresas relativos a fevereiro continuam por pagar.

Questionada sobre o impedimento do acionista privado – a sociedade Pasogal detida por Alfredo Casimiro – entregar as suas ações como garantia para obter um empréstimo da TAP, por estas já terem servido de penhora noutro empréstimo, a responsável diz que os trabalhadores foram “apanhados de surpresa, sentimo-nos traídos”.

“Agora, compreendemos muita coisa. Agora, percebemos porque tinha pedido o empréstimo em julho e não vinha. Percebemos porque queria dar como garantia os equipamentos da Groundforce: era a única coisa que tinha para dar”, disse ao JE Luísa Borba.

A CT convocou assim uma manifestação para quarta-feira, 10 de março, das 11h30 às 14h30 em frente à residência oficial do primeiro-ministro, o Palácio de São Bento em Lisboa. Já na quinta-feira, os trabalhadores vão manifestar-se frente ao Palácio de Belém.

O Presidente da República garantiu aos trabalhadores da Groundforce na terça-feira ser testemunha de que o Governo “está a fazer tudo o que pode para desbloquear a situação” da empresa. Marcelo Rebelo de Sousa falou aos trabalhadores que se encontravam em protesto no aeroporto Sá Carneiro durante uma visita ao Porto.

Segundo revelou a SIC Notícias, parte das ações da Pasogal foram entregues como garantia em 2016 quando vários credores reclamaram 44,2 milhões de euros ao grupo Urbanos, detido por Alfredo Casimiro, empresa de mudanças que se encontra em Processo Especial de Revitalização Já o Expresso avançou que uma parte das ações foi dada como penhor ao Montepio.

Pela sua parte, o ministro das Infraestruturas não tinha informação para dar aos trabalhadores acerca deste penhor. “Ao abrigo do sigilo bancário, não se sabe em que proporção foram, nem o valor implícito, nem onde estão”, segundo Luísa Borba.

Sobre o empréstimo de dois milhões de euros da TAP à Groundforce, e o empréstimo de 30 milhões de euros que estava a ser negociado com a banca, envolvendo o Banco de Fomento, o ministro voltou a dizer que “sem garantias não vão avançar dinheiro nenhum. A nós [ministro das Infraestruturas] disse-nos que não havia aval e que não avançariam dinheiro nenhum sem garantias”.

O ministério das Infraestruturas disse na segunda-feira que não foi possível alcançar um acordo com o acionista privado da Groundforce, por Alfredo Casimiro ter recuado no acordo. Este acordo previa um empréstimo pela TAP de dois milhões de euros à Groundforce para regularizar os salários em atraso dos 2.400 trabalhadores da empresa.

A tutela de Pedro Nuno Santos disse ontem que “não foi possível chegar a acordo porque Alfredo Casimiro disse que não tem as ações para dar como penhor”, segundo revelou fonte oficial do ministério ao JE. O empresário terá dado estas ações como garantia noutro empréstimo bancário impossibilitando o seu uso neste empréstimo, apurou o JE.

https://jornaleconomico.pt/noticias/groundforce-perante-acoes-penhoradas-do-acionista-privado-comissao-de-trabalhadores-defende-nacionalizacao-para-salvaguardar-postos-de-trabalho-710479

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