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Grupo José de Mello com plano para investir 1,5 mil milhões até 2030

Companhia está a preparar vários investimentos até ao final da década na Bondalti ou CUF com o plano a aumentar 500 milhões face à versão anterior.
4 Junho 2025, 07h00

O Grupo José de Mello (GJM) tem um plano para investir 1,5 mil milhões de euros até 2030, mais 500 milhões até ao final da década, face ao anunciado em 2022.

Entre os investimentos planeados, encontra-se a refinaria de lítio em Estarreja, pela Lifthium Energy, a modernização da fábrica da Bondalti em Estarreja, a oferta pública de aquisição (OPA) da Bondalti lançada sobre a catalã Ercros, novos hospitais em Braga e no Barreiro da CUF, e a compra de 75% do Grupo HPA Saúde pela CUF.

“Trata-se de um forte nível de investimento para proteção e crescimento dos negócios atuais, em linha com as estratégias definidas em cada área”, segundo a apresentação feita pela empresa na terça-feira.

O Grupo José de Mello registou em 2024 uma quebra nos lucros anuais de 14%, totalizando 81 milhões de euros, com o EBITDA a descer 4%, para 196 milhões.

Em termos de investimento, houve um aumento de 5 milhões entre 2023 e 2024, somando 256 milhões de euros. A companhia também aponta para investimentos superiores a 650 milhões de euros entre 2022 e 2024. Já a dívida líquida aumentou de 721 milhões para 759 milhões de euros.

Na apresentação de resultados na terça-feira, o GJM afirmou estar muito empenhado na compra da empresa química Ercros, sediada em Barcelona. A OPA lançada em 2024 pela companhia, detida pela Bondalti, está atualmente a ser analisada pela Autoridade da Concorrência de Espanha.

“É uma empresa muito relevante em Espanha no setor químico. É uma oportunidade interessante que a Bondalti e o grupo identificaram como uma forma de criação de valor e ganho de escala muito relevante. Aguardamos clarificação até ao final do ano sobre a operação”, disse Salvador de Mello, em encontro com jornalistas.

A Bondalti viu os lucros recuarem 21%, para 41 milhões de euros, com o EBITDA a descer 27%, para 71 milhões, citando o “contexto desafiante no setor químico europeu”.

O investimento de 330 milhões de euros está a revelar-se um “processo longo, mais demorado do que gostaríamos, mas mantemos empenho na sua concretização. Um projeto industrial é o que faz sentido. É relevante ganhar escala num setor em que a escala é importante”.

Sobre os resultados, o CEO apontou que “a Europa está a atravessar uma fase em que não tem tido crescimento significativo; a indústria sofre com isso e o setor químico também”.

Na fábrica de Estarreja, a empresa vai investir na sua “modernização”, com “reconversão tecnológica e projetos de descarbonização”.

A refinaria de lítio da Lifthium Energy está em “fase de análise aprofundada”. O projeto está previsto para Estarreja, no distrito de Aveiro, mas ainda não tem data prevista de inauguração, tendo sido já investidos 35 milhões de euros.

“O projeto tem demorado mais do que as nossas expetativas. Acreditamos que há valor significativo neste projeto. Continuamos a trabalhar na sua concretização, mas ainda não estamos em condições de tomar decisões”, afirmou o CEO, que também apontou que os preços do lítio nos mercados internacionais estão a níveis baixos, face ao que seria desejável para a empresa.

O presidente-executivo do grupo acrescentou que o projeto dependerá sempre da “fábrica de demonstração e do licenciamento”, assim como de “acordos comerciais”, razão pela qual a empresa não consegue “estabelecer datas”.

“Caso a decisão de investimento se concretize, ainda que incerta, dará origem a uma nova plataforma de negócio com escala relevante e forte capacidade de criação de valor e diversificação do portfólio”, segundo a apresentação divulgada aos jornalistas.

A CUF registou uma subida de 15% nos lucros em 2024, totalizando 43 milhões de euros, com o EBITDA a aumentar 23%, para 148 milhões.

O GJM destacou a “continuação do investimento na rede”, com a compra do Grupo Arrifana e Sousa, o anúncio de novos hospitais em Braga e Barreiro e também a aquisição da Mimed, rede de clínicas de proximidade em Lisboa.

O grupo também comprou 75% do Grupo Hospital Particular do Algarve (HPA), que está atualmente em análise pela Autoridade da Concorrência.

Sobre as tarifas dos EUA, o dono da Bondalti afirmou não estar “diretamente” exposto, mas que este é um “tema de preocupação para o mundo”, que cria uma “grande incerteza sobre o que se vai passar”.

Em relação ao novo Governo que saiu das eleições legislativas, Salvador de Mello pediu um Governo “reformista”, focado na “competitividade” do país e da Europa, para atrair “investimento para Portugal”, mas também com reformas na “justiça” e um “alívio fiscal”.

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