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Há menos 80 mil trabalhadores a receber o salário mínimo do que há um ano

O salário mínimo nacional voltou a aumentar este ano, mas o número de trabalhadores abrangidos encolheu, o que significa que houve uma valorização dos restantes salários. Dados foram apresentados esta quarta-feira pelo Governo aos parceiros sociais.
7 Junho 2023, 20h19

A incidência do salário mínimo nacional entre os trabalhadores portugueses está a diminuir, mostram os dados partilhados esta quarta-feira pela ministra do Trabalho com os parceiros sociais. Em março, havia menos 80 mil trabalhadores a ganhar a retribuição mínima mensal garantida (RMMG) do que há um ano, o que significa que os empregadores não se ficaram pelo reforço do salário mínimo e aumentaram também os demais ordenados.

“No primeiro trimestre de 2023, a percentagem de trabalhadores com RMMG diminuiu de 24,6% em 2022 para 22,4% em 2023 (2,2 pontos percentuais)”, lê-se no documento entregue às confederações patronais e às centrais sindicais.

O Ministério do Trabalho precisa que essa diminuição foi transversal a ambos os géneros e aos jovens. Em maior detalhe, a fatia de trabalhadoras a ganhar o salário mínimo caiu três pontos percentuais, enquanto a fatia dos trabalhadores nessa situação diminuiu 1,5 pontos percentuais, sendo que, regra geral, este nível remuneratório tem maior incidência entre elas do que entre eles. Já quanto aos jovens, o recuo foi de 2,6 pontos percentuais, é indicado no referido documento.

“Assim, em março de 2023, havia menos 80 mil trabalhadores com RMMG face a março de 2022, apesar do volume total de emprego ter crescido”, realça a nota apresentada na Concertação Social.

Esta evolução acontece apesar de o salário mínimo ter aumentado substancialmente nos últimos anos: subiu 50% desde 2015, passando de 505 euros para 760 euros. ” Em 2023, a valorização da RMMG foi a maior em termos absolutos (55 euros) e percentuais (7,8%)”, salienta o documento entregue aos parceiros sociais.

Tal significa que, apesar do reforço do salário mínimo, houve também reforço dos demais ordenados. Aliás, no acordo de rendimentos celebrado em outubro pelo Governo, as confederações patronais e a UGT, estão previstas não só subidas consecutivas do salário mínimo para os próximos anos, mas também referenciais para a valorização do conjunto dos vencimentos.

Mudar de emprego dá prémio salarial de 13%

O documento apresentado esta quarta-feira dá conta de que, até abril, os salários estão a crescer 8% face ao período homólogo, variação superior ao referencial previsto no já mencionado acordo de rendimentos e que para este ano está fixado em 5,1%.

Entre os trabalhadores que mudaram de trabalho, a valorização tem sido ainda mais expressiva, como é tradição: 107 mil mudaram de emprego entre outubro e março e receberam aumentos médios de 13%, o equivalente a 150 euros.

Destes, 52 mil são jovens e, por causa da mudança de trabalho, viram o seu salário crescer 16%, o correspondente a 160 euros. “Para os trabalhadores jovens que recebiam menos de 760 euros e mudaram de posto de trabalho, o aumento médio foi de 18%”, destaca o Ministério do Trabalho.

No total, o salário médio dos jovens disparou 44% entre outubro de 2015 e março de 2023, tendo a fatia de trabalhadores com menos de 25 anos a ganhar acima dos mil euros mais do que duplicado nestes oito anos, é realçado.

Quanto à remuneração média do mercado de trabalho como um todo, também há boas notícias: em 2023 atingiu 1.328 euros, acima dos 1.235 euros registados em 2022. No privado, a variação entre 2022 e 2023 foi de 8,3%, e entre 2019 e 2023 foi de 19,6%.

Esta valorização salarial, assegura o Ministério do Trabalho, é transversal aos diversos sectores. Em destaque está o reforço salarial sentido pelos trabalhadores das atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (13,2% entre março de 2022 e março de 2023).

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