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“Há muita incerteza sobre o caminho que a economia portuguesa está a seguir”, diz Centeno

O governador do Banco de Portugal afirma que a economia nacional já registou vários períodos de desaceleração este ano, num cenário de aumento dos riscos na Europa, nomeadamente a ameaça de tarifas de Donald Trump.
José Sena Goulão/Lusa
26 Novembro 2024, 11h12

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, diz haver “muita incerteza” em torno do caminho que está a seguir a economia portuguesa, num ano que tem sido marcado por várias desacelerações mas também pelo aumento dos riscos, nomeadamente a eleição de Donald Trump e a ameaça de vir a aplicar tarifas aos produtos europeus.

“O ano de 2024 não tem sido um ano simples em termos de análise. Depois de um primeiro trimestre de resultados relativamente sustentados e de um crescimento positivo e forte, a partir do segundo trimestre temos tido sucessivos períodos de desaceleração intra trimestral da atividade económica”, afirmou Mário Centeno na conferência “Banca do Futuro”, organizada esta terça-feira pelo “Jornal de Negócios”.

“No quarto trimestre voltámos a ter um período de desaceleração muito forte, a quarta desaceleração da atividade económica de Portugal este ano”, salientou o governador, notando que “isto torna o processo de previsão da atividade económica difícil”, havendo” muita incerteza sobre o caminho que a economia portuguesa está a seguir”. E isto num período em que os riscos acumulam-se.

“Riscos geopolíticos – a guerra ainda está na Europa -, as eleições norte-americanas e o seu resultado”, exemplificou. “As tarifas não são uma boa notícia para a área do euro. Há cautelas e cuidados que temos de ter em relação ao nosso futuro”, alertou o responsável. Durante a sua campanha eleitoral, Donald Trump, que vendeu as presidenciais nos EUA, disse querer impor tarifas sobre os produtos chineses, mas também sobre produtos europeus.

A incerteza em torno do cenário macroeconómico também se sente na Europa. Mário Centeno frisou que “temos as maiores economias europeias estagnadas, na melhor das hipóteses. Os últimos dados – o PMI da Alemanha e de França – estão a sinalizar quedas da atividade. É uma dimensão problemática. Estes dois países pensam 25% das nossas exportações. Os outros 25% é Espanha. São mercados importantíssimos para as nossas empresas”. Para o governador, “França juntar-se à Alemanha é uma notícia que devemos ler com extremo cuidado”.

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