O presidente da EDP Brasil admitiu que o assunto tem centrado as atenções. “Há alguma especulação à volta disto”, referiu Miguel Setas, citado pela Lusa na semana passada, sobre as notícias que prevêem a criação de uma joint venture entre a EDP e a China Three Gorges (CTG) no mercado brasileiro, como opção de recurso após no mês passado a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da estatal chinesa sobre a energética portuguesa ter caído por terra.
As primeiras notícias sobre essa eventual solução surgiram mesmo antes do óbito da OPA. Com a oferta a enfrentar dificuldades regulatórias, a Reuters avançava, a 13 de março, que as duas empresas estariam a considerar juntar as empresas detidas no Brasil pela CTG à EDP Brasil ou criar uma nova empresa para desenvolver projetos.
No Brasil, o grupo EDP detém 51% da EDP Brasil, com a CTG a deter também vários ativos no país. As duas companhias já estão a desenvolver em conjunto uma barragem no Peru. Em fevereiro, o fundo norte-americano Elliott Management veio exigir a venda da EDP Brasil pelo grupo, como forma de gerar receita para investir nas renováveis e reduzir a dívida. A sugestão não foi aceite e tanto na apresentação do plano estratégico para 2019-2022, a 12 de março, como na Assembleia Geral de 24 de abril que fez cair a OPA, o CEO da EDP, António Mexia, explicou que o Brasil é central para a empresa.
Em relação a parcerias com a CTG no Brasil, Mexia explicou na AG que a América Latina já é hoje uma área de colaboração, que a duas empresas têm vários projetos em conjunto e estão a trabalhar em conjunto para entrar em novos mercados na região”.
“Tudo isto é um campo de criação de opções que sejam boas para a companhia e para a CTG no contexto da parceria”, referiu o CEO. “Tudo está em aberto”.
Clima prejudica resultados
Antes disso, no entanto, a energética vai apresentar os resultados do primeiro trimestre, esta quinta-feira, após o fecho do mercado. Segundo o consenso divulgado pela empresa, a estimativa média de oito analistas aponta para um lucro líquido de 116 milhões, um tombo de 30%, pressionado pela descida dos lucros da EDP Renováveis e pela queda na produção devido a menos chuva e vento.
O EBITDA deve atingir os 889 milhões de euros, segundo a média das estimativas, em ligeira queda dos 893 milhões dos primeiros três meses do ano passado.
A EDP Brasil anunciou, a 9 de maio, que o lucro líquido no primeiro trimestre do ano cresceu 38% face ao mesmo período de 2018, alcançando 295,6 milhões de reais (67,22 milhões de euros). O EBITDA (sigla em inglês que significa lucro antes de taxas, impostos, depreciação e amortização) foi de 705,6 milhões de reais (160,5 milhões de euros) , uma subida de 9,4% em relação aos três primeiros meses do ano passado.
Na véspera, a EDP Renováveis tinha anunciado, no entanto, que os lucros desceram 35% para 61 milhões de euros em termos homólogos, afetado pelo menor recurso eólico, menos 4 pontos percentuais face ao trimestre homólogo, com um impacto negativo de 64 milhões de euros. As receitas desceram 1% para 521 milhões de euros, com o EBITDA a subir 1% para 385 milhões de euros.
A ‘casa-mãe’ – EDP Energias de Portugal – anunciou a 26 de abril que a produção desceu 13% no primeiro trimestre, face a período homólogo, para 17,98 terawatts hora devido aos escassos níveis de hidraulidade e eolicidade.
A divulgação dos resultados vai ser a primeira após um 2018 turbulento para a empresa. Além da sombra da OPA, a EDP foi afectada por alterações regulatórias. Os lucros afundaram 53% para 519 milhões de euros, com os impostos e os cortes regulatórios em Portugal a pesarem mais de 670 milhões nas contas da elétrica. Já o EBITDA recorrente recuou 3% para 3.287 milhões de euros.
No Strategic Update apresentado em Londres em março, a EDP explicou que o lucro líquido deverá crescer 7% por ano, em média, até 2022, ano em que visa ultrapassar um resultado acima de mil milhões de euros. A elétrica adiantou que o EBITDA deverá subir em média 5% por ano para superar os 4.000 milhões de euros em 2022 a partir dos 3.300 milhões do ano passado.
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