No próximo artigo de opinião já se saberá quem ganhou as eleições americanas. E os mercados financeiros como irão reagir?

Nas últimas semanas, a probabilidade de Trump regressar à presidência aumentou substancialmente, com algumas casas de apostas a atribuírem mais de 65% de hipóteses de vir a vencer as eleições. Também temos assistido àquilo que é denominado como o “Trump Trade”, que consiste no investimento em títulos ou setores mais beneficiados em caso de vitória, e na venda dos títulos que serão mais prejudicados.

Ora, o plano de Trump prevê estímulos à economia americana que terão um impacto na dívida de 7,5 triliões de dólares nos próximos dez anos, ou seja, o equivalente a 24 vezes o PIB português.

Este aumento da despesa terá impacto na procura e, por sua vez, na inflação – e o mercado já está a antecipar este cenário! Com o aumento de preços e mais crescimento económico, as taxas de juro não irão descer tanto nos EUA.

Ora, esta é uma das razões pelas quais os juros a dez anos subiram dos 3,6% para os 4,2%, e que tem suportado o dólar, tendo este valorizado mais de 4% face ao euro nas últimas semanas. O outro motivo da subida dos juros é a emissão de dívida que o plano económico de ambos os candidatos, Harris e Trump, preveem. Se o impacto de Donald Trump na dívida é de 7,5 triliões de dólares, o de Kamala Harris é de 3,5 triliões, ambos em cima de uma dívida que já passou os 35 triliões de dólares!

Para além disso, ambos os candidatos terão de lidar com um défice orçamental que este ano se fixou em 1,8 triliões e não dá sinais de abrandar. Os EUA continuam a inundar o mercado de dólares, a criar empresas indestrutíveis e, com isso, a afastar a potencial concorrência que pudesse vir da Europa.

Com o aumento da probabilidade de Trump ganhar, as ações das energias renováveis têm vindo a perder bastante valor, com receio da eliminação de incentivos, mas a indústria de defesa e as tecnológicas estão a ser beneficiadas. O maior protecionismo da economia americana, a continuação da desglobalização e o regresso das tarifas trazem incerteza, mas nos mercados financeiros trazem beneficiados.

Dado o empate técnico, qualquer vitória trará um aumento da volatilidade a curto prazo, seja nos juros, nas ações ou no mercado cambial. Sabemos, no entanto, que em todas as eleições presidenciais, após o período de volatilidade, os investidores focam-se no potencial de crescimento das empresas, e de gerarem resultados para os seus acionistas.

Qualquer período de correção deve ser aproveitado para reforçar os investimentos a longo prazo, sempre de forma diversificada. Aliás, estes momentos costumam constituir oportunidades de valorização das poupanças para os quais devemos estar atentos.

Bons investimentos!