Ah, os políticos! Agora no Norte Global felizes de férias são aqueles indivíduos com um nível de inteligência técnica e poder económico de dar inveja a qualquer civilização alienígena. Esses mesmos indivíduos poderiam transformar o mundo em um paraíso de paz e prosperidade. E o que fazem com tudo isso? Claro, dedicam-se fervorosamente à nobre arte da guerra. Afinal, quem precisa de paz quando se pode ter e ganhar tanto dinheiro com destruição e caos?
Imaginemos: salas elegantes, repletas de líderes mundiais em fatos caríssimos, debatendo acaloradamente. O tópico do dia: como transformar qualquer desentendimento trivial numa razão para mobilizar tropas e disparar mísseis. Claro que, com toda a sua inteligência técnica e suportada pela inteligência artificial, eles certamente poderiam encontrar soluções pacíficas. Mas onde está a piada nisso?
Temos de admitir que os políticos são verdadeiros visionários. Conseguem enxergar oportunidades económicas escondidas em cada campo de batalha. Reconstrução pós-guerra? Jackpot! Um mercado lucrativo! Indústria de armamento? Bingo! Uma mina de ouro! Deslocamento de populações? Uma chance para contractos lucrativos de assistência humanitária. Enquanto cidadãos comuns anseiam por paz, esses génios estrategistas veem a guerra como um investimento sólido.
A paz, francamente, deve ser entediante para mentes tão brilhantes. Imagine-se: escolas a funcionar, hospitais a operar, parques cheios de crianças a brincar, sem uma única explosão para animar o dia. Que horror! Felizmente, os nossos líderes mundiais estão sempre prontos para nos salvar dessa monotonia. São pródigos em identificar ameaças, mesmo que sejam imaginárias, e em propor soluções que envolvem tanques, drones e bombardeamentos.
Com discursos eloquentes, pintam a guerra como um mal necessário, uma cruzada pela liberdade e segurança. É como se estivéssemos a participar num grande espetáculo, onde cada palavra é cuidadosamente escolhida para criar a ilusão de inevitabilidade. Talvez, um dia, esses líderes visionários acordem e percebam que a verdadeira inteligência técnica e poder económico residem em construir um mundo onde a paz é a norma e a guerra uma relíquia do passado. Mas, até lá, continuaremos a ser guiados por mestres da guerra, e a sua genialidade ao brilho e som de balas e explosões.
E quanto à paz? Bem, isso é apenas uma nota de rodapé na grandiosa narrativa que se escreve todos os dias. Agosto, tempo de férias no Norte Global, enquanto nós aqui, nas Áfricas do Sul Global, continuamos a apreciar e perguntamo-nos: haverá inteligência humana na Terra?