A empresa portuguesa Heden, que explora coworks, duplicou o investimento inicial de 400 mil euros no seu espaço na estação de Rossio, em Lisboa, para o remodelar e expandir para um total de 2.100 metros quadrados, divididos em dois pisos, e ter disponibilidade para receber 315 pessoas. As obras, cujo planeamento arquitetónico está a cargo da Spaceworks, estão a decorrer e deverão ficar concluídas ainda antes do verão, conforme constatou o Jornal Económico numa visita ao local, que se encontra em regime de soft opening (“abertura suave”).
O cowork da Heden, o quinto da empresa (depois da Graça, Intendente, Chiado e Santa Apolónia), era a antiga sede da startup portuguesa Uniplaces e foi inaugurado no final do ano passado como um espaço de trabalho colaborativo, para que empresas, empreendedores e freelancers possam ter um escritório no centro da cidade, reunir sem ser em cafés e restaurantes e, last but not least, conviver e fazer contactos com empresários e inovadores de todo o mundo.
O espaço, além das mesas de trabalho, dos escritórios para empresas e das salas de reuniões, tem uma cozinha partilhada (equipada com fogão, forno, microondas, frigoríficos…), uma zona de refeições com mesas de pinho e um local em formato auditório para apresentações públicas, sessões de cinema ou concertos.
Aliás, este foi o motivo pelo qual a faturação de 2021 ficou a verde no cowork do Rossio – 800 mil euros – e o CEO antecipa que o volume de negócios atinja milhão de euros este ano, o segundo de dez estipulados no contrato de concessão. “Sabíamos que era uma questão de tempo até o conceito de trabalhar voltar um pouco ao que era. O romantismo do home office [teletrabalho] foi-se diluindo ao longo dos meses. As pessoas olham para o cowork não como um escritório para trabalhar”, afirmou Manuel Bastos.
Fundada em 2018, por Manuel Bastos e pelo investidor e arquiteto László Varga, a Heden acredita que, com o aproximar do fim da pandemia, o cowork é cada vez mais uma solução “atraente” para as empresas que acreditam em modelos de trabalho híbridos e pretendem recrutar os melhores talentos. Por entre os “corredores” de um cowork, quiçá um fundador encontre o seu próximo braço direito?
“As empresas procuram o lado social e cultural, espaços onde podem socializar. É por isso que investimos nessa vertente e promovemos concertos, sessões de bem-estar, aulas de yoga…”, detalha Manuel Bastos, na visita guiada. “E [as empresas] não querem estar preocupadas com a gestão do café na máquina ou a organização destes eventos, que ajudam na captação de talento”, sublinha, para explicar que o refill da tão necessária cafeína está a cargo do cowork.
Quem já se rendeu à nova decor do Rossio foi o unicórnio brasileiro Loggi, os finlandeses da Reaktor, a Gympass, a Avalanche, a escola de programação Ironhack, a Marley Spoon – que apesar de não ter atividade económica em Portugal assentou arraiais em terras lusas -, a Banffi e a multinacional norte-americana Salesforce, que utiliza as salas de reuniões. A Heden prepara-se ainda para a chegada de uma empresa portuguesa do sector tecnológico.
Os planos passam agora por investir num cowork na zona das Avenidas Novas, em Lisboa, e noutro na linha de Cascais, para responder à procura por parte de quem mora junto ao mar e não se quer deslocar diariamente ao centro da capital. A sustentabilidade voltará a estar presente no lançamento da primeiro pedra, garantem os co-fundadores, que procuraram apostar na utilização de materiais amigos do ambiente (entre os quais o bambu, a lã burel de Manteigas, na Serra da Estrela, ou linóleo) e na vertente societária com descontos para as empresas fundadas por mulheres correspondentes à percentagem de diferença salarial entre género que existe em Portugal.
No ano passado, a Heden fechou uma ronda de financiamento de 1,3 milhões de euros liderada pelo fundo de capital de risco Navigator, gerido pela sociedade de VC portuguesa Lince Capital.
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