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Heden investe 800 mil euros em cowork na estação do Rossio

Novo espaço de trabalho colaborativo em Lisboa tem capacidade para receber 315 pessoas, apesar de se encontrar em regime de ‘soft opening’, tem 100% de ocupação. “As empresas não querem estar preocupadas com a gestão do café na máquina ou a organização destes eventos. Num cowork, procuram o lado social e cultural”, diz o CEO, Manuel Bastos.
18 Fevereiro 2022, 17h15

A empresa portuguesa Heden, que explora coworks, duplicou o investimento inicial de 400 mil euros no seu espaço na estação de Rossio, em Lisboa, para o remodelar e expandir para um total de 2.100 metros quadrados, divididos em dois pisos, e ter disponibilidade para receber 315 pessoas. As obras, cujo planeamento arquitetónico está a cargo da Spaceworks, estão a decorrer e deverão ficar concluídas ainda antes do verão, conforme constatou o Jornal Económico numa visita ao local, que se encontra em regime de soft opening (“abertura suave”).

O cowork da Heden, o quinto da empresa (depois da Graça, Intendente, Chiado e Santa Apolónia), era a antiga sede da startup portuguesa Uniplaces e foi inaugurado no final do ano passado como um espaço de trabalho colaborativo, para que empresas, empreendedores e freelancers possam ter um escritório no centro da cidade, reunir sem ser em cafés e restaurantes e, last but not least, conviver e fazer contactos com empresários e inovadores de todo o mundo.

O espaço, além das mesas de trabalho, dos escritórios para empresas e das salas de reuniões, tem uma cozinha partilhada (equipada com fogão, forno, microondas, frigoríficos…), uma zona de refeições com mesas de pinho e um local em formato auditório para apresentações públicas, sessões de cinema ou concertos.

Aliás, este foi o motivo pelo qual a faturação de 2021 ficou a verde no cowork do Rossio – 800 mil euros – e o CEO antecipa que o volume de negócios atinja milhão de euros este ano, o segundo de dez estipulados no contrato de concessão. “Sabíamos que era uma questão de tempo até o conceito de trabalhar voltar um pouco ao que era. O romantismo do home office [teletrabalho] foi-se diluindo ao longo dos meses. As pessoas olham para o cowork não como um escritório para trabalhar”, afirmou Manuel Bastos.

Fundada em 2018, por Manuel Bastos e pelo investidor e arquiteto László Varga, a Heden acredita que, com o aproximar do fim da pandemia, o cowork é cada vez mais uma solução “atraente” para as empresas que acreditam em modelos de trabalho híbridos e pretendem recrutar os melhores talentos. Por entre os “corredores” de um cowork, quiçá um fundador encontre o seu próximo braço direito?

“As empresas procuram o lado social e cultural, espaços onde podem socializar. É por isso que investimos nessa vertente e promovemos concertos, sessões de bem-estar, aulas de yoga…”, detalha Manuel Bastos, na visita guiada. “E [as empresas] não querem estar preocupadas com a gestão do café na máquina ou a organização destes eventos, que ajudam na captação de talento”, sublinha, para explicar que o refill da tão necessária cafeína está a cargo do cowork.

Quem já se rendeu à nova decor do Rossio foi o unicórnio brasileiro Loggi, os finlandeses da Reaktor, a Gympass, a Avalanche, a escola de programação Ironhack, a Marley Spoon – que apesar de não ter atividade económica em Portugal assentou arraiais em terras lusas -, a Banffi e a multinacional norte-americana Salesforce, que utiliza as salas de reuniões. A Heden prepara-se ainda para a chegada de uma empresa portuguesa do sector tecnológico.

Os planos passam agora por investir num cowork na zona das Avenidas Novas, em Lisboa, e noutro na linha de Cascais, para responder à procura por parte de quem mora junto ao mar e não se quer deslocar diariamente ao centro da capital. A sustentabilidade voltará a estar presente no lançamento da primeiro pedra, garantem os co-fundadores, que procuraram apostar na utilização de materiais amigos do ambiente (entre os quais o bambu, a lã burel de Manteigas, na Serra da Estrela, ou linóleo) e na vertente societária com descontos para as empresas fundadas por mulheres correspondentes à percentagem de diferença salarial entre género que existe em Portugal.

No ano passado, a Heden fechou uma ronda de financiamento de 1,3 milhões de euros liderada pelo fundo de capital de risco Navigator, gerido pela sociedade de VC portuguesa Lince Capital.

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